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Câmara de Setúbal culpa Governo e pede investigação sobre suspeitas de casos de refugiados recebidos por russos

Autarquia lembrou que também já pediu uma investigação ao Ministério da Administração Interna.

30 de abril de 2022 às 21:31

A Câmara de Setúbal acusou este sábado o Governo de não ter respondido ao pedido de intervenção sobre as suspeitas de envolvimento de associações pró-russas no acolhimento de ucranianos e voltou a pedir uma investigação ao Ministério da Administração Interna.

Num comunicado divulgado este sábado à imprensa, a Câmara Municipal de Setúbal explicou que "solicitou com a máxima celeridade" um esclarecimento ao Governo no dia seguinte a uma entrevista da embaixadora da Ucrânia em Lisboa, Inna Ohnivets, dada a 08 de abril à CNN Portugal, na qual se manifestava preocupada pela existência de "organizações pró-russas" infiltradas no apoio aos refugiados ucranianos.

A autarquia lembrou que também já pediu uma investigação ao Ministério da Administração Interna "sobre todos os procedimentos do município em matéria de acolhimento de refugiados ucranianos" e disse estar "totalmente disponível" para prestar esclarecimentos na Assembleia da República.

O semanário Expresso noticiou na sexta-feira que refugiados ucranianos foram recebidos na Câmara de Setúbal por russos simpatizantes do regime de Vladimir Putin e que responsáveis pela Linha de Apoio aos Refugiados fotocopiaram documentos dos refugiados, entre os quais passaportes e certidões das crianças.

De acordo com o semanário, pelo menos 160 refugiados ucranianos já terão sido recebidos por Igor Khashin, antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Khashin, funcionária do município setubalense, entretanto retirada de funções pela autarquia.

Na sexta-feira, o gabinete do primeiro-ministro assegurou que o presidente da câmara de Setúbal, André Martins (eleito pela CDU), não lhe pediu informações sobre a associação Edintsvo, que é alegadamente pró-regime russo.

Em nota à comunicação social, o gabinete de António Costa confirmou que recebeu há duas semanas uma carta de André Martins, mas negou que lhe tenham sido solicitadas informações sobre a associação Edintsvo.

Este sábado, a Câmara Municipal de Setúbal sublinhou que, "logo que surgiram as primeiras suspeitas, pediu a intervenção direta de quem, no Governo, tutela o Alto Comissariado para as Migrações, não tendo, contudo, até hoje obtido qualquer resposta".

"Caso o Governo entendesse que as suspeitas lançadas pela senhora embaixadora eram credíveis, deveria, de imediato, ter informado a Câmara Municipal de Setúbal e as outras autarquias onde existem associações de imigrantes alvo de suspeitas, da necessidade de adotar medidas, o que não aconteceu, embora se saiba que é o Governo quem detém os necessários instrumentos para averiguar acusações de espionagem", afirmou a autarquia setubalense.

A câmara municipal lembra ainda que a Edintsvo "cooperou ininterruptamente" com a edilidade desde 2005, "por via de protocolos estabelecidos entre as duas partes".

"Nunca e em nenhuma circunstância foi esta autarquia informada por qualquer entidade oficial de atos ou condutas suspeitas da parte dos dirigentes desta associação", sublinhou.

Na sexta-feira, a Associação dos Ucranianos em Portugal disse que há "por todo o país" elementos pró-Putin nas organizações que estão a acolher refugiados ucranianos, alertando tratar-se de um fenómeno que se repete em toda a Europa.

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