Pedido é também endereçado às autoridades portuguesas para "agirem em conformidade".
A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) considerou esta sexta-feira que devem ser "cabalmente esclarecidas" as suspeitas de transmissão às autoridades russas de dados confidenciais de refugiados ucranianos em Portugal e pediu às autoridades portuguesas para "agirem em conformidade".
Em declarações à agência Lusa, na sequência da notícia de que refugiados ucranianos estão a ser recebidos em Setúbal por russos pró-Putin, o presidente da PAR afirmou que a plataforma teve conhecimento desta situação através da Associação de Ucranianos em Portugal e de outros cidadãos ucranianos residentes em Portugal.
André Costa Jorge considerou grave, caso se confirmem as suspeitas, que as associações pró-russas que estão a fazer o acolhimento estejam a pedir informações aos refugiados e a transmiti-las às autoridades da Rússia.
"Entendemos que o Estado português e os organismos próprios devem agir em conformidade. Devem prevenir em primeiro lugar que este tipo de situações aconteçam", disse o presidente da PAR, defendendo que estas suspeitas sejam "cabalmente esclarecidas", uma vez que "é grave a utilização de informação para outros interesses e que os refugiados no processo de acolhimento possam estar a passar informações ao governo russo".
Para André Costa Jorge, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Alto Comissariado para as Migrações (ACM), Ministério dos Negócios Estrangeiros e serviços de informação devem trabalhar no sentido de proteger as pessoas que o país acolhe.
"Qualquer organização que esteja no acolhimento de refugiados, independentemente de ser mais ou menos evidente a sua ligação a qualquer uma das partes, deve garantir que os dados confidenciais não são usados para fins que favorecem o estado russo", precisou.
O mesmo responsável explicou que preocupa a PAR, enquanto rede de organização de proteção de refugiados, "não apenas a dimensão do acolhimento", mas também "a cabal segurança de todas as pessoas envolvidas, incluindo as famílias que estão na origem.
"Isto é uma coisa que fazemos há muito tempo em termos de práticas que é sensibilizar as organizações para o cuidado a ter sobre o uso de informação que possa ser prejudicial para os familiares que estão no país de origem. Faz parte das regras do acolhimento não utilizar informação, não expor os refugiados porque isso pode ser usado como retaliação de familiares", salientou.
O presidente da PAR disse também que o acolhimento de refugiados ucranianos tem sido feito essencialmente por iniciativas cidadãs e, muitas vezes, "não têm em linha de conta essa dimensão" da segurança, já que a preocupação "é tirar as pessoas de uma situação de fragilidade social".
Contactada pela agência Lusa, a embaixada da Ucrânia em Lisboa afirmou não ter mais nada a acrescentar nesta altura sobre o assunto, indicando que a embaixadora Inna Ohnivets já disse o que sabia.
A diplomata tinha-se manifestado, numa entrevista à CNN Portugal, em 08 de abril, preocupada pela segurança dos refugiados ucranianos porque, alegou, havia "organizações pró-russas" infiltradas no apoio aos refugiados e que "podem receber informação sobre os dados pessoais destes refugiados e dos seus familiares que lutam no exército ucraniano".
O ACM disse hoje à Lusa que o assunto "está a ser analisado internamente".
O jornal Expresso revelou hoje o caso concreto dos serviços de apoio a refugiados da Câmara Municipal de Setúbal, onde alguns ucranianos se sentiram ameaçados por terem sido recebidos por responsáveis de uma associação pró-russa.
De acordo com o semanário, pelo menos 160 refugiados ucranianos já terão sido recebidos por Igor Khashin, antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Khashin, funcionária do município setubalense.
Igor Khashin, líder da Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo), subsidiada desde 2005 até março passado pela Câmara de Setúbal, e a mulher terão alegadamente fotocopiado documentos de identificação dos refugiados ucranianos, no âmbito da Linha de Apoio aos Refugiados da Câmara Municipal de Setúbal.
Segundo o Expresso, Igor Khashin e a mulher terão também questionado os refugiados sobre os familiares que ficaram na Ucrânia, mas a Câmara Municipal de Setúbal garante que "nunca foi feita tal pergunta".
O jornal refere ainda que Igor Khashin é um dirigente associativo com dupla nacionalidade, que se apresenta como "gestor de projetos", e que as associações a que terá estado ligado estavam nos 'sites' da Ruskyi Mir e da Rossotrudnichestvo, instituições estatais criadas pelo Kremlin para divulgar a cultura e o mundo russos, mas que, segundo fontes citadas pelo jornal, "podem servir de cobertura a elementos dos serviços secretos" da Rússia.
A Associação dos Ucranianos em Portugal disse hoje que há "por todo o país" elementos pró-Putin nas organizações que estão a acolher refugiados ucranianos, alertando tratar-se de um fenómeno que se repete em toda a Europa.
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