Truth Hounds instou a comunidade internacional a sancionar a a agência russa de energia atómica Rosatom.
A organização não-governamental (ONG) ucraniana Truth Hounds acusou esta quarta-feira a agência russa de energia atómica Rosatom de cumplicidade na ocupação e nas violações de segurança na central nuclear de Zaporijia, e em casos de tortura e crimes contra civis.
Num relatório apresentado em Viena, a ONG, fundada em 2014 em Kiev para investigar e documentar crimes de guerra e crimes contra a humanidade, instou a comunidade internacional a sancionar a Rosatom.
A organização observa que a Central Nuclear de Zaporijia (ZNNP), a maior central nuclear da Europa no sudeste da Ucrânia, está ocupada pela Rússia desde março de 2022 e que o seu controlo foi transferido para a referida empresa estatal russa, que "emergiu como um ator-chave e benfeitor dos ataques militares russos".
Histórica e globalmente, "este é o primeiro caso de uma central nuclear invadida por um agressor hostil", e a Rosatom está "no centro destes acontecimentos", profundamente ligada à governação da cidade de Enerhodar, onde residem muitos dos operadores da central, pode ler-se no relatório.
Na sua investigação, a ONG descobriu sete prisões improvisadas na cidade vizinha de Enerhodar, onde residem muitos dos operadores da central, e pelo menos 226 detenções ilegais dos seus habitantes civis.
Com base em entrevistas a sobreviventes, a ONG denunciou casos de maus-tratos e tortura de civis por parte dos ocupantes russos, bem como a coação de funcionários ucranianos da ZNNP para que aceitassem assinar contratos de trabalho com a Rosatom.
Além disso, o pessoal autorizado da central e os peritos com competências técnicas únicas, cruciais para a segurança do reator, foram deliberadamente visados, comprometendo a operação segura da instalação e aumentando o risco de um acidente nuclear.
"Alguns detidos foram forçados a assinar acordos ou contratos de cooperação com a Rosatom, e muitos foram filmados a fazer declarações falsas a elogiar as forças russas ou a desacreditar a Ucrânia para fins de propaganda", observaram os autores do relatório.
A ONG alegou que a maioria dos reclusos foi sujeita a "tortura física e psicológica para extrair informações, forçar confissões, punir dissidentes, intimidar e coagir a colaboração".
De acordo com o relatório, as estruturas corporativa, administrativa e financeira da Rosatom foram instrumentalizadas para servir o controlo militar, criando uma "profunda integração" do consórcio na governação da cidade ocupada, com uma ligação correspondente aos crimes perpetrados pelos ocupantes.
A organização sublinhou que é necessária uma ação internacional urgente coordenada para travar as violações em curso, proteger a segurança nuclear e responsabilizar os responsáveis.
Até agora, a empresa, que afirma ser responsável por mais de 16% do combustível nuclear mundial e construir reatores em quatro continentes, tem escapado a penalizações significativas.
"Apesar das sanções dirigidas contra os executivos e subsidiárias da Rosatom após a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, o portefólio internacional da Rosatom continua a expandir-se, especialmente nas regiões em desenvolvimento", sublinharam os autores do relatório.
De acordo com a ONG, a integração estratégica da perícia técnica e da governação do consórcio estatal "revela uma dimensão frequentemente negligenciada da influência global da Rússia, que se estende muito para além dos setores mais visíveis do petróleo e do gás".
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho, como alegou na altura o Presidente Vladimir Putin.
A Rússia ocupa atualmente cerca de 20% do território que a Ucrânia tinha em 1991, quando se tornou independente da União Soviética.
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