Sumo Pontífice destacou três pontos: "Fazer o bem juntos, atuar concretamente e estar perto dos mais frágeis".
Papa Francisco elogia caridade dos jovens em discurso no Centro Paroquial da Serafina
O Papa discursou, esta sexta-feira, no Centro Paroquial da Serafina, em Lisboa. Nas primeiras filas estiveram dezenas de sacerdotes e alguns políticos, como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o autarca de Lisboa, Carlos Moedas.
Francisco começou o discurso por saudar todos, em particular das associações presentes, como a Ajuda de Berço e a Acreditar, além de dirigir um agradecimento especial aos "amigos do Centro Paroquial da Serafina".
"A caridade é a meta do espírito cristão. A vossa ação ajuda-nos a não esquecer o caminho. Obrigado pelos testemunhos", diz.
Sobre os discursos anteriores, das associações, o Sumo Pontífice destacou três pontos: "Fazer o bem juntos, atuar concretamente e estar perto dos mais frágeis".
"Juntos é a palavra-chave, que se repetiu nas intervenções. Viver a ajudar, não deixar as pessoas serem definidas pela doença. Cada um de nós é um dom único, com os seus limites, mas sagrado para Deus."
O santo padre, que lia o discurso de um papel, interrompeu a leitura para dizer que não estava a conseguir ler bem e, por isso, continuou a discursar sem a cábula.
Já sem o papel, remata: "Não há amor abstrato. O amor concreto é o que nos suja as mãos. Não poderia existir uma JMJ sem caridade. Vocês geram vida continuamente, com este compromisso."
Leia na íntegra o discurso do Papa, o que conseguiu dizer, e o que estava preparado, mas não saiu do papel:
"Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Agradeço ao pároco as suas palavras, e saúdo a todos os presentes, em particular aos amigos do Centro Paroquial da Serafina, da Casa Família Ajuda de Berço e da Associação Acreditar. É bom estarmos aqui juntos, enquanto, no contexto da Jornada Mundial da Juventude, olhamos para a Virgem Maria que Se levanta e vai ajudar Isabel, sua parente idosa (cf. Lc 1, 39). De facto, a caridade é a origem e a meta do caminho cristão, e a vossa presença, realidade concreta de «amor em ação», ajuda-nos a não esquecer a rota, o sentido daquilo que fazemos. Obrigado pelos vossos testemunhos, dos quais quero destacar três aspetos: fazer juntos o bem, agir no concreto estar próximo dos mais frágeis
Primeiro, fazer juntos o bem. «Juntos» é a palavra-chave, que ouvi repetir muitas vezes nas vossas intervenções. Viver, ajudar e amar juntos: jovens e adultos, sãos e doentes… juntos. O João disse-nos uma coisa importante: é preciso não se deixar «definir» pela doença, mas fazer dela parte viva do contributo que prestamos ao conjunto, à comunidade. É verdade! Não devemos deixar-nos «definir» pela doença ou pelos problemas, porque não somos uma doença nem um problema. Cada um de nós é um dom, um dom único com os seus limites, um dom precioso e sagrado para Deus, para a comunidade cristã e para a comunidade humana. E, assim como somos, enriquecemos o conjunto e deixamo-nos enriquecer pelo conjunto!
Segundo, agir no concreto. Também isto é importante. A Igreja não é um museu de arqueologia, mas – como nos recordava o padre Francisco, inspirando-se em São João XXIII – é «o antigo fontanário da aldeia que dá água às gerações de hoje, como a deu às do passado» (Homilia na Liturgia em Rito Bizantino- Eslavo em honra de São João Crisóstomo, 13/XI/1960). O fontanário serve para matar a sede dos caminhantes que chegam, carregando o peso real e as canseiras concretas do seu caminho! Por conseguinte é necessária concretização, atenção ao «aqui e agora», como aliás já fazeis com o cuidado dos pormenores e sentido prático, belas virtudes típicas do povo português. Quando não se perde tempo a lamentar-se da realidade, mas se tem a preocupação de ir ao encontro das carências concretas, com alegria e confiança na Providência, acontecem coisas maravilhosas. Assim o testemunha a vossa história: do encontro com o olhar de um idoso na rua, nasce um centro de caridade «de todo o respeito», como este em que nos encontramos; de um desafio moral e social qual é a «campanha pela vida», nasce uma associação que ajuda grávidas e sua família, crianças, adolescentes e jovens em dificuldade, para encontrarem um projeto de vida seguro, como nos contou Sandra; da experiência da doença nasce uma comunidade de apoio a quem luta contra o cancro, especialmente crianças, de modo que «os progressos no tratamento e a melhor qualidade de vida se tornem realidade para eles», como nos disse o João. Obrigado pelo que fazeis! Continuai com mansidão e gentileza a deixar-vos interpelar pela realidade, com as suas pobrezas antigas e novas, e a responder de forma concreta, com criatividade e coragem.
O terceiro aspeto: estar próximo dos mais frágeis. Todos somos frágeis e necessitados, mas o olhar feito de compaixão, próprio do Evangelho, leva-nos a ver as necessidades de quem mais precisa. Leva-nos
a servir os pobres, os prediletos de Deus que Se fez pobre por nós (cf. 2 Cor 8, 9): os excluídos, os marginalizados, os descartados, os humildes, os indefesos. São eles o tesouro da Igreja, são os preferidos de Deus! E recordemo-nos sempre de não estabelecer diferenças entre eles; de facto, para um cristão, não há preferências face a quem, necessitado, bate à nossa porta: compatriotas ou estrangeiros, pertencentes a este ou àquele grupo, jovens ou idosos, simpáticos ou antipáticos...
A propósito de caridade, quero agora contar-vos uma história, especialmente a vós, crianças, que talvez não conheçais. É a história real dum jovem português que viveu há muito tempo. Chamava-se João Cidade e habitava em Montemor-o-Novo. Sonhava com uma vida aventureira; por isso, adolescente ainda, partiu de casa à procura da felicidade. Achou-a depois de vários anos e muitas aventuras, quando encontrou Jesus. E ficou tão contente com a descoberta que até decidiu mudar o nome, chamando-se a partir de então, não João Cidade, mas João de Deus. E fez uma coisa ousada: foi pela cidade e começou a pedir esmola pelas ruas, dizendo às pessoas: «Fazei bem, irmãos, a vós mesmos!» Compreendeis? Pedia a esmola, mas dizia a quantos lha davam que, ajudando-o a ele, na realidade estavam a ajudar antes de mais nada a si próprios! Ou seja, explicava que os gestos de amor são um dom primariamente para quem os cumpre, antes mesmo de o serem para quem os recebe; porque tudo o que se acumula para si mesmo perder-se-á, enquanto aquilo que se dá por amor nunca se desperdiça, mas será o nosso tesouro no céu.
Por isso dizia: «Fazei bem, irmãos, a vós mesmos!» Porém o amor não torna felizes só no céu, mas já aqui na terra, porque dilata o coração e permite abraçar o sentido da vida. Se queremos ser verdadeiramente felizes, aprendamos a transformar tudo em amor, oferecendo aos outros o nosso trabalho e o nosso tempo, dizendo palavras edificantes e realizando boas ações, mesmo com um sorriso, com um abraço, com a escuta, com o olhar. Queridos adolescentes, irmãos e irmãs, vivamos assim! Todos podemos fazê-lo e disto mesmo todos precisamos, aqui e em qualquer lugar do mundo.
Sabeis o que aconteceu depois a João? Não o entenderam! Pensavam que estava maluco e fecharam- no num manicómio. Mas ele não se desmoralizou, porque o amor não se arrende e quem segue Jesus não perde a paz nem se põe a lamentar a sua sorte. E foi precisamente lá, no manicómio, carregando a cruz, que chegou a inspiração de Deus. João deu-se conta de quanto aqueles doentes precisavam de ajuda e, quando finalmente o deixaram sair, depois de alguns meses, começou a cuidar deles com outros companheiros, fundando uma Ordem Religiosa: os Irmãos Hospitaleiros. Alguns, porém, começaram a designá-los doutro modo, ou seja, com as palavras «fazei bem, irmãos…» que aquele jovem ia repetindo a todos. Assim são chamados em Roma: Fatebenefratelli. É um belo nome, e um ensinamento importante! Ajudar os outros é um dom para si próprio e faz bem a todos. É verdade! Amar é um dom para todos! Recordemo-nos: «o amor é um presente para todos!» Vamos repetir juntos: o amor é um presente para todos!
Amemo-nos assim! Continuai a fazer da vida um presente de amor e de alegria. Fico-vos grato e recomendo a todos, mas especialmente às crianças: continuai a rezar por mim. Obrigado!"
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