Katmandu: "As réplicas do terramoto continuam"
Os portugueses Pedro Queirós e Lourenço Macedo Santos estão em Katmandu, no Nepal, a viver toda a tragédia.
As réplicas do terramoto continuaram durante a noite e ainda hoje de manhã. Nada, claro, que se compare ao primeiro tremor. Quando falamos nisso ainda não queremos acreditar na violência e a duração que teve. Li hoje que o epicentro foi apenas 15 kms abaixo da terra, o que faz com que se sinta tudo muito mais...
Ficámos com algum receio em dormir no quarto com medo que o prédio viesse abaixo durante a noite... Por isso, fomos tentar dormir para um parque no centro da cidade.
Lá estavam milhares de pessoas. Muitas faziam fogueiras. Quando estávamos deitados dentro do saco cama, no chão, por vezes, o chão tremia. E aí sentíamos a terra a vibrar pelo corpo todo... Estranho...
Depois começou a chover e tivemos mesmo de voltar para o quarto. Eram 3 da manhã e ainda conseguimos dormir um bocado. Lembro-me antes de adormecer que o meu corpo dava saltos, tipo pequenos espasmos. Talvez a adrenalina a sair do corpo e a sensação de algum descanso depois de muitas horas intensas.
A cidade está parada e não há eletricidade. Apenas geradores em alguns lugares. Já conseguimos comprar mais água e bolachas e também um prato de arroz.
Vamos agora contactar o consulado de Portugal para perceber as nossas opções. Continuamos a questionar tudo o que aconteceu e não encontramos grandes respostas. É tudo muito emotivo. Porque é que isto aconteceu no primeiro dia em que chegamos ao Nepal? E pensar que íamos para o Base Camp Everest daqui a 2 dias... Local onde houve muitas avalanches... Dá que pensar...
Mas sentimo-nos tranquilos e seja qual for a decisão vamos continuar na estrada. Isso é certo. Obrigado a todos mais uma vez pelas mensagens e apoio. Aqui sentimos muito tudo isso.
Leia também o texto Katmandu: "O chão não parava de tremer"Texto de Pedro Queirós e Lourenço Macedo Santos, partilhado no Facebook e cedido ao CM para publicação.
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