Os portugueses Pedro Queirós e Lourenço Macedo Santos estão em Katmandu, no Nepal, a viver toda a tragédia. Este é o terceiro relato.
Ontem de manhã, domingo, por volta do meio-dia a terra voltou a tremer de forma violenta no Nepal. Os primeiros relatos falaram em 6.7 de intensidade.
Sinceramente, quando se sente um tremor assim, o número da escala é indiferente. Foi forte. O chão tinha voltado a tremer outra vez e durante cerca de 1 minuto! Desta vez estávamos na rua. Os prédios pareciam bailarinas e no chão sentíamos ondas, como se estivéssemos dentro de um barco numa tempestade. Foi aí que decidimos: "Chega!! Temos de ir embora daqui."
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Os nossos telefones não funcionavam e, por isso, não conseguíamos falar com o consulado português. Mas nessa manhã tínhamos conhecido uma espanhola, a Fabiola. Pegámos num táxi e fomos com ela para o consulado de Espanha. Antes, e quando fomos ao hotel fazer as malas, o edifício estava abandonado... Ninguém lá estava! Lembrei-me do dia em que chegámos e havia dezenas de pessoas no hall de entrada... Estava tudo vazio agora. Nem um hóspede ou trabalhador!
No táxi para o consulado vimos os primeiros sinais de lixo e possíveis doenças nas ruas. Há que ter cuidado. Entramos no consulado de Espanha sem qualquer problema. Os guardas sorriram e logo nos deram café, comida e abrigo. Não houve Internet até agora, por isso não conseguíamos comunicar. Está tudo bem.
Portugueses filmam destroços do sismo em Katmandu
Durante a tarde, ainda conseguimos falar com um senhor português sobre a nossa situação mas não tivemos mais feedback. Falou-nos sobre um possível plano de evacuação conjunto com outros países. Até agora não sabemos nada. Há 5 minutos, uma representante do consulado espanhol garantiu que nos tira daqui para Nova Delhi assim que possível. Ou seja, depois dos espanhóis saírem todos.
Não quero expressar qualquer comentário sobre o apoio que estamos ou devíamos estar a ter. Na volta até houve alguém de Portugal que falou com esta senhora espanhola. Provavelmente ainda vamos ouvir notícias. Na verdade, também não estávamos referenciados no Nepal e só ontem demos notícias...
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O importante é que estamos bem e começam a aparecer soluções para sair. Um primo meu, que trabalha na Google, também tratou de garantir que, se quisermos, podemos ir para um abrigo que eles montaram junto ao aeroporto. Chegam-nos relatos do aeroporto sobre o caos que lá se vive. Milhares de pessoas a querer sair. Edifícios à pinha e sem água ou comida.
Também vão chegando ao consulado, pessoas com histórias dramáticas que viveram na cidade ou nas montanhas. Um casal de franceses que conhecemos passou um dia e noite na montanha e foi salvo de helicóptero.
O ambiente no consulado é bom. As pessoas estão a acalmar depois do grande susto, isto apesar de ainda ter havido réplicas ao início da noite. Já fizemos alguns amigos. O espírito humano e a simpatia prevalecem. Até se fez um concurso de toques com uma bola de futebol. Fiquei em segundo. As camas estão espalhadas por todo o lado. Há comida quente. Ainda não vi sinais de desespero ou ganância. Nós temos um stock pessoal de Oreo e Johnny Walker, caso as coisas corram mal.
Portanto, está tudo bem dentro do possível. De todo o lado têm chegado mensagens de apoio, espero conseguir responder a tudo. MUITO OBRIGADO.
Leia também os textos "O chão não parava de tremer" e "As réplicas do terramoto continuam". Texto de Pedro Queirós e Lourenço Macedo Santos, partilhado no Facebook e cedido ao CM para publicação.
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