Lenda do futebol vítima de um cancro no pulmão.
Johan Cruyff morreu esta quinta-feira aos 68 anos. O jogador holandês não resistiu a um cancro do pulmão, com o qual lutada desde outubro de 2015. Em comunicado, a família do holandês anunciou o seu falecimento e pediu que se respeitasse este momento doloroso.
"No dia 24 de março de 2016 Johan Cruff faleceu em Barcelona, rodeado da sua família depois de uma dura luta contra o cancro. Pedimos, com enorme tristeza, que se respeite a privacidade da família durante este período de luto", pode ler-se.
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Perdeu o jogo que estava a ganhar por 2-0
Há pouco mais de um mês, o mentor do Dream Team assegurava que estava a vencer a partida mais importante da sua vida, "estou a ganhar por 2-0", referiu na ocasião.
Cruyff sucumbiu a um cancro nos pulmões cinco meses depois de ter revelado que sofria da doença. "O futebol deu-me tudo. O cigarro quase me tirou tudo", chegou a dizer o holandês.
A sua marca no futebol é inquestionável, não só como jogador, mas como treinador, sendo -- numa avaliação de muitos -- o percursor da escola de 'posse' do FC Barcelona, tida como a melhor equipa do mundo.
Morreu Johan Cruyff
Muitos técnicos do 'Barça' acabaram por ser seus discípulos e Guardiola, que conquistou tudo nos catalães, chegou a dizer: "Cruyff construiu o edifício e os técnicos do Barça que o sucederam apenas trataram de restaurá-lo e reformá-lo".
Mas se como treinador deixa tal marca, numa carreira dedicada aos seus dois amores (FC Barcelona e Ajax), com a conquista da Taça dos Campeões Europeus, duas Taças das Taças, uma supertaça europeia ou quatro ligas espanholas, como futebolista o seu papel não foi em nada inferior.
Carreira recheada de êxitos
Tudo começou no Ajax, em plena década de 60 e quando Cruyff ainda não tinha atingido a maioridade. A ligação estabeleceu-se pela mão do pai, merceeiro que abastecia o clube, e mais tarde reforçada pela mãe, empregada de limpeza.
Foi ela que acreditou que o futebol poderia fazer bem aos problemas ortopédicos do jovem Johan que aos 17 anos viria a vestir pela primeira vez a camisola oficial da equipa de Amesterdão.
A importância de Cruyff rapidamente cresceu - com Rinus Michel no comando da equipa -, catapultando o Ajax para oito títulos de campeão holandês e três títulos de campeão europeu, tudo entre meados dos anos 60 e 70.
Foi também aqui que começou a construção da 'laranja mecânica' ou do 'carrossel holandês', a seleção que, igualmente com Rinus Michel, seria vice-campeã mundial em 1974 e 1978, e num período em que Cruyff já rumara ao Barcelona.
O clube catalão começou por ser a segunda casa do jogador, para rapidamente se tornar a primeira -- pese embora passagens posteriores por outros clubes, nos Estados Unidos, o AC Milan, o Levante, novamente o Ajax e, finalmente, o Feyenoord.
Foi em Barcelona que Cruyff acabou por radicar-se e dos três filhos que teve, Jordi (nome catalão) acabou mesmo por também jogar no 'Barça', onde a antiga estrela chegou a treinar o português Luís Figo.
Para muitos e como chegou a referir o atual presidente do clube espanhol, Jose Maria Bartomeu, "o Barcelona é filho do Ajax", numa transposição quase perfeita do modelo e influência que ambos tiveram nos respetivos países, e em ambos com um denominador comum: Cruyff.
"Mudou totalmente a maneira como se pensava o futebol através da sua maneira de ver o futebol, de ver os jogos, de ver o clube e a sua organização. Há treinadores que arriscam e correm riscos e há treinadores que não têm essa coragem. Johan pertence à primeira categoria", disse Bartomeu.
Cruyff deixa esse legado na cultura 'de futebol total', um papel que fez na perfeição e que lhe valeu por três o troféu de Bola de Ouro (1971, 1973, 1974), que distinguia o melhor jogador a alinhar na Europa.
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