“Estas jogadoras são a imagem de Ronaldo”
Francisco Neto é selecionador nacional de futebol feminino.
Correio Sport - Há muitas diferenças em trabalhar com homens e com mulheres?
Francisco Neto – Não sinto. Há diferença na capacidade de execução de esforços de alta intensidade. Os homens iniciam mais cedo as práticas e têm outras vivências porque têm mais competição que as mulheres.
- A seleção feminina subiu quatro lugares no ranking FIFA e ocupa agora a 38ª posição. A que se deve a subida?
- É o fruto do trabalho que muito nos orgulha. Este é um projeto de todos. Desde o staff técnico, à direção da FPF, mas também do trabalho realizado nos clubes. Nunca nos podemos esquecer de que as jogadoras são oriundas dos clubes.
- Quem é o Cristiano Ronaldo desta seleção feminina?
- Todas as minhas jogadoras são Ronaldo, que é o melhor jogador do Mundo. Aquilo que o Ronaldo tem de dedicação, de trabalho e de paixão, todas estas atletas têm. Estas jogadoras são a imagem de Cristiano Ronaldo.
- Como evoluiu o futebol feminino nos últimos dez anos?
- Houve um trabalho árduo da federação, em particular pela mão da professora Mónica Jorge, por ser uma defensora e uma impulsionadora do futebol feminino, quer como selecionadora quer agora como diretora. Estamos agora a lançar o campeonato nacional de sub-19, o que significa que vamos passar a ter formação a nível nacional.
- Há muitas jogadoras portuguesas selecionáveis ?
- No estrangeiro temos uma base de cerca de 20 atletas. Em Portugal não temos a base que queríamos, mas estamos a trabalhar para aumentar o número de jogadoras. Temos qualidade, mas quantidade é algo que nos preocupa.
- Como é feito o trabalho de prospeção e observação das jogadoras?
- Durante os fins de semana os elementos da equipa técnica vão ao terreno para fazer a observação de todos os clubes da primeira divisão e do campeonato de promoção. Quanto às jogadoras que atuam no estrangeiro, sempre que possível, também nos deslocamos e temos acesso, via vídeo. É desta forma que temos a certeza de que quando selecionamos, escolhemos as que estão em melhores condições.
- Como chegou a selecionador nacional?
- Quem tem de responder é a direção da FPF [risos]. Fui coordenador distrital da Associação de Futebol de Viseu desde 2007. Entre 2008 e 2010, integrei a seleção feminina como treinador de guarda-redes na altura da professora Mónica Jorge. Saí e continuei o meu trabalho na Índia. Após o regresso recebi o convite, que muito me orgulhou.
- Após um ano de trabalho, qual o balanço?
- Muito positivo, uma vez que temos vindo a cumprir aquilo a que nos propusemos. Por um lado, o crescimento sustentado da equipa, por outro, o consolidar os nossos princípios do jogo. Tentamos diminuir as diferenças que temos para as equipas de topo europeu e mundial. Na minha opinião, estamos a consegui-lo.
- Qual o seu grande sonho?
- O sonho de qualquer selecionador português é apurar a seleção para um grande momento: campeonato da Europa ou do Mundo. Sonho aproximar-me das equipas de topo e conseguirmos ser mais competitivos. Nós ainda não podemos dizer que lutamos olhos nos olhos com as outras seleções, mas queremos ter uma palavra a dizer no apuramento para o campeonato europeu de 2017. Temos de ter alguma sorte no sorteio e a partir daí desenvolvermos o nosso trabalho.
– O que espera dos dois jogos que vai disputar com a República Checa? [Os jogos realizam-se terça-feira, em Mangualde – às 15h00, com transmissão em direto da CMTV – e quinta-feira, em Viseu]
– Estes jogos servem para preparar o apuramento para o campeonato da Europa, que terá inicio em setembro. São mais um momento para a equipa técnica observar as jogadoras e perceber quais são as atletas em melhores condições para integrarem o grupo, com vista ao apuramento.
- E para as jogadoras ?
- Os jogos de preparação são fundamentais na medida em que proporcionam às nossas atletas mais uma experiência internacional.
- Qual é o ponto forte da seleção feminina de futebol?
- A paixão pelo jogo e a ambição. Registo ainda o querer e a vontade de vencer das jogadoras portuguesas, e ainda o grande orgulho que elas têm e sentem em representar o País.
- A medalha de ouro que conquistou como selecionador sub-21 de Goa/Índia nos Jogos da Lusofonia é o ponto alto da sua carreira?
- O ponto alto é sempre o momento que vivemos, em que estamos. Agora estou na Seleção, na FPF, a maior instituição do País e isso é algo que muito me orgulha.
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