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"Já não tinha saídas e só queria morrer": Sandra sofreu violência doméstica às mãos do primeiro marido

Marido despiu a mulher e analisou a roupa para confirmar que não tinha sido traído.

21 de fevereiro de 2020 às 08:48

Sandra Oliveira chegou a tentar o suicídio por sofrer de violência doméstica às mãos do primeiro marido, com quem se casou aos 19 anos. Em ambas as relações amorosas que viveu, foi agredida e "espezinhada". "Queria desistir, queria morrer, já não tinha saídas", foi um pensamento que a acompanhou muitas vezes.

No primeiro casamento, as cenas de ciúmes eram uma constante. "Estava a discutir com a mãe dele, porque vivíamos em casa dela, e ele atirou-me ao chão e disse que me matava se lhe acontecesse alguma coisa", referiu Sandra, que foi isolada dos amigos e da família. "Um dia, com ciúmes, despiu-me e inspecionou a roupa íntima que tinha para ver se o andava a trair", afirmou. A mulher acreditava que o casamento era para a vida e resistiu a separar-se.

"A dor era tão grande que me comecei a picar na pele porque queria sentir uma dor maior do que a emocional. Agarrei em muitos comprimidos e meti-os à boca com champanhe", contou. Só se separaram quando Sandra descobriu que o marido gastava muito dinheiro em prostitutas.

Depois de estar oito anos sozinha, acreditou ter reencontrado o amor, mas a violência regressou à sua vida. "Atirou-me para cima da cama, pôs-me as mãos ao pescoço e apertou, sem que eu conseguisse reagir", explicou, descobrindo mais tarde que o companheiro sofria de bipolaridade. Sandra voltou a entrar em depressão. Depois de procurar ajuda médica, conseguir reerguer-se e voltar ser a "mulher forte" que era.

DISCURSO DIRETO

Alberto Mesquita, Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira

CM

– Há trabalho em rede?

– Este trabalho em rede tem sido materializado pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira através do convite a vários parceiros, oferecendo formação especializada sobre a violência doméstica (curso de técnico de apoio à vítima).

Esta formação foi fundamental para estreitar laços entre os vários agentes sociais.

– E quanto às escolas?

– Há uma preocupação em sensibilizar a comunidade escolar. Temos apoiado a formação de crianças e jovens.n

NÚMERO

37

CONSELHOS ÚTEIS

Serviço de informação

O Serviço de Informação às Vítimas de Violência Doméstica foi criado em novembro de 1998 e presta apoio telefónico através do número 800 202 148.

Gratuito e anónimo

A linha é gratuita e disponibiliza um serviço anónimo e confidencial, com profissionais especialmente formados para atendimento a vítimas de violência doméstica.

Todos os dias do ano

O serviço de informação funciona pelo telefone, 24 horas por dia, todos os dias do ano. É promovido pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. Qualquer pessoa pode pedir ajuda através desta linha.

CM RADAR: Todos os casos de 2019 e 2020 numa só plataforma

Os 37 casos mortais de violência doméstica registados no ano passado e os três já identificados em 2020 constam da estatística atualizada em tempo real no CM Radar dedicado a este flagelo social. O CM Radar da violência doméstica é um projeto inovador de jornalismo de dados e pode ser consultado em permanência no site do Correio da Manhã. Trata-se de uma plataforma especialmente concebida para o uso em dispositivos móveis onde o leitor pode também denunciar casos que possa conhecer.

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