Yevgeny Prigozhin morreu, garante autoridade de aviação da Rússia

Líder do grupo Wagner entre as dez pessoas morreram na queda da aeronave nos arredores de Moscovo.

23 de agosto de 2023 às 18:12
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A agência de aviação russa garantiu na noite desta quarta-feira que o líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu na queda de um avião ocorrido ao final da tarde nos arredores da capital da Rússia, Moscovo.

A autoridade aeronáutica russa revela ainda que a bordo do Embraer viajava Dmitry Utkin, um veterano das forças especiais e da ‘secreta’ da Rússia que fundou igualmente o grupo de mercenários liderado por Prigozhin.

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A presença do nome do líder do grupo mercenário Wagner na lista de passageiros do avião privado que caiu na região de Tver, perto de Moscovo, foi cedo revelada, mas essa circunstância não mereceu ainda a confirmação oficial da morte.  

A agência de notícias Tass citada pela Reuters, revelou que Yevgeny Prigozhin seria um dos passageiros do voo entre a capital russa e São Petersburgo. Yevgeny Prigozhin, recorde-se, foi o homem que em junho tentou uma rebelião contra o poder de Vladimir Putin.

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As operações de resgate, entretanto, já conseguiram encontrar corpos carbonizados no local da queda da aeronave, mas não foi possível identificar as vítimas.

"Havia três pilotos e sete passageiros a bordo. Todos morreram", disse fonte do Ministério para Situações de Emergência na Rússia. Segundo os meios de comunicação russos, um segundo avião também de Yevgeny Prigozhin inverteu a rota quando se dirigia a Moscovo.

De acordo com o site Flight Radar, a aeronave efetuou vários círculos nos céus moscovitas antes de regressar a São Petersburgo. Na Rússia especula-se sobre se Yevgeny Prigozhin viajaria no aparelho que caiu ou se neste segundo avião.

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"A Agência Federal de Transporte Aéreo iniciou uma investigação sobre a queda de uma aeronave Embraer que ocorreu na região de Tver na quarta-feira", disse o departamento russo em comunicado citado pela Tass.

Até então, o homem que em tempos foi cozinheiro de Putin, era um dos grandes aliados do exército russo e o Grupo Wagner era responsável por grandes conquistas da Rússia na Ucrânia.

A rebelião terminou com negociações e um aparente acordo do Kremlin, que levou Prigozhin a aceitar mudar-se para a Bielorrússia. No entanto, mesmo após o acordo, Prigozhin estaria a circular livremente na Rússia.

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O líder do grupo Wagner, que tinha tentado derrubar o Ministro da Defesa Sergei Shoigu, e o chefe do Estado Maior Vlaery Gerasimov, publicou, esta segunda-feira, um discurso em vídeo que sugeria ter sido filmado em África.

Grupo Wagner prudente

A prudência era igualmente visível na página do grupo Wagner na rede social Telegram, um dos principais canais de comunicação da organização militar. "As notícias são más", diz o grupo que apela à calma e à chegada de notícias confirmadas. "Vamos esperar por confirmação oficial e esperar pelo melhor", refere uma publicação feita ao início da noite desta quarta-feira.

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A rede da organização de mercenários refere ainda que "umas notícias são verdadeiras, mas outras não" no que poderá ser uma confirmação de uma informação avançada pelo jornalista russo Andrey Zakharov, segundo o qual Prigozhin teria voado de África para a Rússia nesta quarta-feira e que com o chefe do grupo Wagner estaria todo o estado-maior de comando da organização de mercenários.

Grupos no Telegram próximos do grupo Wagner, contudo, davam como certa a morte de Prigozhin.

Zelensky: "A Ucrânia não tem nada que ver com o que aconteceu"

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"Quando a Ucrânia pediu aos parceiros ajuda com meios aéreos, não era esse tipo de ajuda", ironizou o presidente ucraniano.

"A Ucrânia não tem nada que ver com o que aconteceu. Sabemos bem quem tem", acrescentou.

Biden: "Não estou surpreendido" 

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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, referiu esta quarta-feira que não ficou surpreendido com a possível morte do chefe do grupo mercenário Wagner num acidente de avião na Rússia.

"Ainda não sei bem o que aconteceu, mas não estou surpreendido. Poucas coisas acontecem na Rússia sem que Putin tenha algo a ver com isso", frisou o chefe de Estado norte-americano, em declarações durante as suas férias que decorrem em Lake Tahoe, localizado entre Nevada e Califórnia.

EUA acreditam que míssil russo terá abatido avião de Prigozhin

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Responsáveis americanos, que falaram sob condição de anonimato à agência Reuters, sublinharam que a informação ainda é preliminar e está em análise.

Países europeus acreditam em culpa do Kremlin

"Não é coincidência que o mundo inteiro esteja agora a olhar para o Kremlin quando um ex-assessor de Putin caiu literalmente em desgraça, repentinamente do céu, dois meses depois de tentar uma rebelião", disse Baerbock.

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O porta-voz do Governo francês, Olivier Verán, admitiu que existem "dúvidas razoáveis" sobre o sucedido, dados os laços mantidos durante anos entre Prigozhin e o Presidente russo, Vladimir Putin.

No Reino Unido, fontes da Defesa consultadas pela rádio pública BBC identificam a agência russa de segurança, FSB, como principal suspeita da morte de Prigozhin, que viajava com outras nove pessoas, incluindo o 'estado maior' do grupo de mercenários, no desastre de que não houve sobreviventes, segundo as autoridades russas.

Morawiecki: Grupo Wagner ficará mais perigoso "sob a liderança de Putin"

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O Primeiro-ministro da Polónia acredita que o grupo Wagner se irá tornar mais perigoso "sob a liderança de Putin".

"O Grupo Wagner está sob a liderança de Putin. Que cada um responda à pergunta por si mesmo: a ameaça será maior ou menor? Para mim, essa é uma pergunta retórica", disse Mateusz Morawiecki em conferência de imprensa, citado pela Reuters, esta quinta-feira.

Líder checheno lamenta perda de Prigozhin 

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"Sem dúvida, ele deu uma grande contribuição para a liderança da nova ordem mundial. Este é um mérito que não pode ser-lhe tirado. A sua morte é uma grande perda para todo o Estado", afirmou Kadyrov numa mensagem no Telegram, numa reação à queda de um jato privado na quarta-feira a norte de Moscovo, onde seguia Prigozhin e parte da cúpula do grupo mercenário.

Quem é Prigozhin?

Yevgeny Prigozhin, o líder do grupo Wagner, tem protagonizado os momentos mais importantes da ofensiva russa na Ucrânia. Recentemente, deixou a Rússia em alerta vermelho ao declarar a revolta contra o país e, mais diretamente, contra o Ministério da Defesa. Mas quem é o rebelde que, pelas palavras do presidente Vladimir Putin, deu "uma facada nas costas", à sua pátria, mas que acabou por retirar inesperadamente? 

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O fundador do grupo paramilitar é descrito como um homem implacável, sem vergonha e sem lei, escreve o The New York Times. Tem 62 anos e nasceu em São Petersburgo, antiga Leningrado, a mesma cidade-natal do presidente russo. Visto como polémico e pouco consensual, Prigozhin é um dos rostos mais marcantes no que concerne ao conflito na Ucrânia, sendo um facto incontornável que, devido à sua liderança, a Rússia conseguiu grandes avanços em solo ucraniano.

O líder dos mercenários começou a ter ainda mais destaque na comunicação social depois de fazer duras críticas ao Ministério da Defesa, quando denunciou as significativas perdas do seu exército na cidade ucraniana de Bakhmut.

Em causa estaria o facto de não serem enviadas armas e munições suficientes para os combates naquela zona. Recorde-se que Bakhmut é uma das cidades com mais sangue derramado desde o início da invasão.

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De acordo com o jornal britânico The Guardian, Prigozhin é conhecido há décadas como "o cozinheiro de Putin". Esta alcunha deve-se à empresa de catering que possui e ao contrato que esta tem estabelecida com o Kremlin. 

Nos anos 80, o líder do grupo paramilitar esteve preso por nove anos por roubo e furto. Quando saiu em liberdade, começou a vender cachorros quentes na sua cidade-natal. Ao longo dos anos começou a ganhar popularidade e a crescer na indústria da alimentação. Atualmente, é um magnata e um dos nomes mais influentes na Rússia. De notar que a relação com Vladimir Putin foi fulcral para a ascensão de Yevgeny Prigozhin. 

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