"Declaração obscena" de Trump gera revolta

O Governo francês não deixou passar em branco as declarações de Donald Trump, que insinuou que os atentados de Paris, em 2015, podiam ter sido evitados se as pessoas que foram atacadas estivessem armadas. Também François Hollande, na altura presidente francês, condenou as declarações, que considerou como "obscenas".

"Se um funcionário ou patrão estivesse armado ou se uma pessoa desta sala estivesse lá com uma arma a apontar na direção oposta, os terroristas teriam fugido ou sido baleados, e a história teria sido outra", foi assim que o presidente dos Estados Unidos se referiu aos atentados de Paris, na noite de 13 de novembro de 2015, que causaram 130 mortos (entre eles sete terroristas), 89 dos quais na sala de espetáculos Bataclan.

As insinuações não caíram bem ao Ministério dos Negócios Estrangeiros francês que se mostrou indignado: "A França orgulha-se de ser um país seguro onde a aquisição e posse de armas de fogo é estritamente regulada", declarou. O ministério, tutelado por Jean-Marc Ayrault, antigo primeiro-ministro, reagiu às declarações de Trump e acrescentou ainda que a livre circulação de armas não constitui uma barreira contra os ataques terroristas, "pelo contrário, pode facilitar o planeamento deste tipo de ataque".

"As observações vergonhosas e obscenas feitas pelo presidente Donald Trump revelam muito sobre o que ele pensa de França e dos seus valores", escreveu François Hollande nas redes sociais. Ainda assim, o ex-presidente francês sublinhou que "a amizade" entre os dois povos não será afetada pelo "desrespeito" mostrado pelo presidente norte-americano. "Amizade", essa, aparentemente visível nas últimas aparições do atual presidente Emmanuel Macron e Donald Trump aquando da visita do francês aos Estados Unidos.

SAIBA MAIS

200

É o número de mortos em atentados terroristas em território francês desde 2015. Apesar do ataque do Bataclan ter sido o mais mortífero da história de França, desde janeiro desse ano já ocorreram mais 13 ataques terroristas no país.

Português ferido

O mais recente ataque terrorista em França ocorreu a 23 de março e resultou em quatro mortes e 16 feridos, entre eles Renato Silva, português de 27 anos que esteve em estado muito grave depois de ter sido baleado na cabeça.