Ex-ajudante vai acusar Bolsonaro de ter ordenado os crimes de que enfrenta acusações
Mauro Cid enfrenta várias acusações, entre as quais a venda ilegal nos EUA de presentes em ouro e diamantes oferecidos por governos estrangeiros ao Brasil.
O ex-ajudante de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, preso em Brasília desde maio, vai acusar o antigo presidente de ser o mandante dos crimes de que está a ser acusado. Entre os vários delitos atribuídos pela Polícia Federal a Mauro Cid está a venda ilegal nos EUA de presentes em ouro e diamantes oferecidos por governos estrangeiros ao Brasil no mandato de Bolsonaro e dos quais este se terá apropriado indevidamente visando o enriquecimento pessoal.
De acordo com o novo advogado do oficial, Cezar Bittencourt, Mauro Cid vai assumir ter vendido essas valiosas joias, que deveriam ter sido integradas ao património público brasileiro, nos Estados Unidos, mas vai argumentar que o fez por ordem expressa de Bolsonaro, seu superior hierárquico e a quem devia obediência. Ainda segundo o advogado, Cid vai confirmar que entregou as avultadas somas da venda desses presentes oficiais a Bolsonaro, quer em dinheiro vivo quer fazendo transferências de forma clandestina para o ex-presidente.
Mauro Cid, que durante os quatro anos de mandato de Bolsonaro foi o seu principal assessor e homem de confiança, cuidando tanto da vida oficial quanto da particular do então presidente e da mulher deste, Michelle Bolsonaro, é considerado uma testemunha-bomba contra o antigo governante, suspeito de uma infindável série de irregularidades, mas contra o qual até agora não há provas ou testemunhos concretos. Cid manteve-se fiel a Bolsonaro até agora, assumindo sozinho a responsabilidade pelos crimes, porém parece ter mudado de ideias a conselho do novo advogado e também por constatar que enquanto amarga meses de prisão sem qualquer ajuda, Jair Bolsonaro está livre, nega todos os crimes e desfruta de milhões de euros que arrecadou de forma ainda obscura.
Cezar Bittencourt, o terceiro advogado de Mauro Cid, desde maio, assumiu o caso na passada terça-feira a pedido da família do tenente-coronel, inconformada com a prisão dele e com a impunidade de Bolsonaro. Sem entrar em detalhes, o advogado foi muito claro na primeira entrevista que deu após assumir o caso, lembrando que ajudante-de-ordens não toma iniciativas, somente cumpre as ordens recebidas do seu superior, aludindo sem o citar nominalmente a Jair Bolsonaro.
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