Guterres quer "fim da impunidade" do governo militar de Myanmar

Secretário geral da ONU considerou que "a estabilidade regional está em risco" e exigiu o fim da violência à junta militar que controla o país desde 2021.

27 de outubro de 2025 às 10:21
Guterres participou na cimeira de líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) Foto: Angelina Katsanis/AP
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu esta segunda-feira que "o ciclo de impunidade" em Myanmar tem de terminar, falando em Kuala Lumpur, onde participa na cimeira de líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e países aliados.

"Estou consternado com a situação deplorável na Birmânia [antigo nome de Myanmar]. O golpe militar de 2021 acumulou calamidade sobre calamidade. Aldeias bombardeadas ou incendiadas. Milhares de mortos. Milhões de deslocados. A estabilidade regional está em risco", alertou Guterres, acrescentando que "as atrocidades e o ciclo de impunidade têm de acabar".

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Apelando ao fim imediato da violência, o líder da ONU afirmou que deve haver "um compromisso genuíno com o diálogo inclusivo" e um regresso ao governo civil, "começando pela rápida libertação de todos os que foram detidos arbitrariamente".

A junta militar que detém o poder em Myanmar desde o golpe de fevereiro de 2021 anunciou em julho passado que iria realizar eleições em dezembro, mas a falta de oposição real, com muitos políticos pró-democracia no exílio ou na prisão, incluindo a Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, faz com que grande parte da comunidade internacional considere que o escrutínio vai ser uma farsa.

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Desde o golpe militar contra o Governo democraticamente eleito liderado por Aung San Suu Kyi, Myanmar está imerso em turbulência, com uma rebelião armada a tomar o controlo de grandes áreas do território.

"O caminho a seguir deve conduzir à restauração das instituições democráticas ancoradas no Estado de direito e nos direitos humanos", considerou Guterres, admitindo acreditar que "ninguém acha que estas eleições serão livres e justas".

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O secretário-geral das Nações Unidas apoiou um plano de paz elaborado em 2021 pela ASEAN para pôr fim às hostilidades e iniciar o diálogo, que o governo militar tem ignorado.

"É tempo de abrir canais humanitários, acabar com a violência e facilitar uma solução política abrangente", disse.

"O povo de Myanmar conta com o nosso apoio coletivo", acrescentou.

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As declarações do secretário-geral da ONU foram feitas durante uma conferência de imprensa na capital da Malásia, onde começou no domingo a cimeira dos líderes da ASEAN e dos países aliados.

A cimeira vai prolongar-se até terça-feira e conta com a presença, além dos líderes dos países da região, do Presidente dos EUA, Donald Trump, do primeiro-ministro brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, entre outros.

Para Guterres, o sudeste asiático "oferece uma visão de esperança" num "mundo turbulento", embora "alguns dos desafios globais pesem fortemente" sobre a região, entre os quais nomeou o aprofundamento das desigualdades e o aumento das temperaturas.

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