Homem que tentou explodir camião de combustível no aeroporto de Brasília tinha arsenal em casa
Responsável pela bomba confessou intenção de cometer um atentado terrorista por motivos políticos.
Numa acção muito rápida pressionada pelo futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que só assume funções em 1 de Janeiro, após a tomada de posse de Lula da Silva (o actual ministro, Anderson Torres, como quase todos do governo de Jair Bolsonaro simplesmente desapareceu), a Polícia Civil (Judiciária) de Brasília prendeu na noite deste sábado, véspera de Natal, o homem que pela manhã tentou explodir um camião cheio de combustível de aviação no aeroporto daquela cidade, capital federal do Brasil. O homem, que confessou a intenção de cometer um atentado terrorista de consequências inimagináveis, chama-se George Washington de Oliveira Sousa, tem 54 anos e é seguidor fanático de Jair Bolsonaro.
No apartamento onde ele vivia desde a derrota de Bolsonaro para Lula da Silva, em 30 de Outubro, e onde foi detido, a polícia encontrou um verdadeiro arsenal, entre o qual duas espingardas de uso militar, um fuzil, revólver e mais de mil munições de vários calibres. As informações foram avançadas por Robson Cândido, director-geral da polícia de Brasília, que adiantou ainda que o preso assumiu espontaneamente a conotação política do atentado que tentou levar a cabo e que só não aconteceu porque o motorista do camião de combustível, a que George conectou uma bomba, ao chegar percebeu que estava alguma coisa estranha colada ao veículo e chamou a polícia.
De acordo com Robson, George afirmou que com a tragédia que planeou, e que poderia ter morto centenas de pessoas se o camião tivesse explodido ao reabastecer uma aeronave cheia de passageiros, pretendia chamar a atenção para o que ele e outros radicais chamam de fraude supostamente ocorrida nas presidenciais que deram a vitória a Lula da Silva. Ele defende que Jair Bolsonaro continue como presidente do Brasil, mesmo tendo sido derrotado nas presidenciais, e imaginou que, desencadeando uma tragédia de grandes dimensões, faria as Forças Armadas intervirem e tomarem o poder, claro, com Bolsonaro mantido no cargo indefinidamente.
George Washington é empresário do ramo do vestuário na cidade de Santarém, uma das mais importantes do estado do Pará, no norte do Brasil, e foi para Brasília logo após a derrota de Bolsonaro. Ele alugou o apartamento onde foi preso em Brasília, e durante o dia reforçava o grupo de extremistas acampados junto ao Quartel General do Exército pedindo uma intervenção militar para manter Bolsonaro no poder.
Ainda segundo as informações avançadas pelo director-geral da polícia, o preso viajou de Santarém para Brasília no seu próprio carro com as armas apreendidas, mas os fortes explosivos, geralmente usados em garimpos e em pedreiras, com que tentou fazer explodir o camião de combustível, foram-lhe enviados posteriormente, o que significa que há outras pessoas envolvidas na tentativa de atentado. Mantendo o silêncio a que se votou desde o dia da derrota nas urnas, Jair Bolsonaro não fez qualquer comentário sobre a tentativa de ataque terrorista de um aliado, mas na tarde deste sábado passou de carro junto ao acampamento golpista em redor do QG, não falou com ninguém mas parou o veículo por alguns segundos junto aos extremistas, no que foi entendido como uma manifestação de apoio e incentivo.
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