Índios incendeiam barricadas e bloqueiam via na maior cidade do Brasil

Razão do protesto dos índios foi o descontentamento com a forma como o presidente Jair Bolsonaro trata as questões indígenas.

Polícia Federal do Brasil Foto: Getty Images
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Num protesto inusitado na maior e mais cosmopolita cidade do Brasil, São Paulo, índios da etnia Guarani bloquearam a Rodovia Bandeirantes, uma das mais movimentadas estradas do país, que liga aquela cidade a cidades vizinhas e ao interior do estado. O protesto provocou um gigante congestionamento de quase 10 quilómetros na via e muitos problemas em estradas paralelas por onde os motoristas tentaram chegar à capital paulista.

Os índios ergueram barricadas com pneus e pedaços de madeira e depois atearam fogo a tudo com gasolina, impossibilitanto o tráfego. Só cerca de duas horas depois, e após tensa negociação com a polícia, é que os Guarani encerraram o protesto e as barricadas foram desfeitas por agentes e bombeiros, mas os problemas no trânsito continuaram por muito tempo.

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A razão do protesto dos índios Guarani, que vivem numa reserva no Pico do Jaraguá, perto da Rodovia, foi o descontentamento com a forma como o presidente Jair Bolsonaro trata as questões indígenas, e a apreensão das lideranças indígenas de todo o Brasil com o avanço da tramitação no Congresso Nacional de um projeto apoiado pelo governante que limita a demarcação de novas reservas e pode até anular várias já concedidas. Quarta-feira, durante um protesto semelhante realizado em Brasília, índios de várias etnias e polícias de choque entraram em confronto com granadas de gás e arcos e flechas, e seis pessoas ficaram feridas, três de cada lado.

Bolsonaro defende abertamente a exploração económica de terras indígenas, principalmente as da Amazónia, ricas em madeiras nobres à superfície e recheadas de minerais altamente valiosos por baixo. Esta quinta-feira, outro defensor da ocupação da Amazónia, o agora ex-ministro do Ambiente Ricardo Salles, foi forçado a demitir-se após denúncias de ligação indevida a madeireiros e a garimpeiros que actuam ilegalmente na floresta.

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