Jair Bolsonaro quer votações em papel
Candidato de extrema-direita diz não confiar no atual sistema de urnas eletrónicas.
Num novo desafio ao Supremo Tribunal Federal (STF), que é um dos alvos preferenciais das suas críticas, Jair Bolsonaro afirmou que, se for eleito, vai reintroduzir o voto em papel, proibido por aquele tribunal. Bolsonaro questiona seriamente a confiabilidade das atuais urnas eletrónicas, que considera serem suscetíveis a fraudes.
"Nós podemos mudar tudo, até a Constituição. Não vai ser a urna eletrónica que não vai ser mudada. O Supremo decidiu que o voto impresso está proibido, tudo bem. Mas uma nova urna, eletrónica mesmo, que possa ser auferida, isso nós vamos propor, sim", disse Bolsonaro, adiantando que, se for eleito, tentará contornar a proibição do Supremo Tribunal propondo ao Congresso alterações à lei eleitoral, nomeadamente na questão das urnas.
No Brasil, a votação é totalmente realizada em urnas eletrónicas, mas Bolsonaro sempre questionou esse método e, durante a campanha, chegou a afirmar que o resultado da eleição pode ser mudado por peritos inescrupulosos, que, segundo ele, são capazes de modificar o voto digitado pelo eleitor.
Pouco antes da votação na primeira volta, no dia 7, o candidato de extrema-direita chegou a afirmar que, se não vencesse, era porque técnicos do Tribunal Superior Eleitoral tinham adulterado as urnas para dar a vitória ao seu principal adversário, Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores.
Mesmo tendo vencido e continuando favorito para a segunda volta, no dia 28, Bolsonaro mantém as suspeitas contra os terminais de votação e a justiça eleitoral e quer aprovar no Congresso uma modificação nas urnas, que continuariam a ser eletrónicas, como hoje, mas que, após a confirmação da escolha pelo eleitor, emitiriam imediatamente o voto em papel, para que possa ser conferido se corresponde ao que foi digitado.
"Sistema eleitoral é absolutamente seguro e eficaz"
Aquando da visita a Lisboa, Aloysio Ferreira, ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros, questionado pelo Correio da Manhã sobre as acusações de fraude nas urnas, sublinhou que "o sistema eleitoral usado é absolutamente seguro".
O governante garantiu que a ida às urnas dos cerca de 140 milhões de eleitores foi fiscalizada e que "a votação eletrónica permitiu saber os resultados em poucas horas". Aloysio Ferreira disse ainda que eventuais erros pontuais foram corrigidos.
Bolsonaro acusa Fernando Haddad de difamação
u A equipa de campanha do candidato a presidente, Jair Bolsonaro (PSL), avançou com dois pedidos de resposta contra o seu adversário, Fernando Haddad (PT). As ações foram apresentadas junto do Tribunal Superior Eleitoral. O candidato, que neste momento vai à frente nas sondagens, alega que o rival usou falas suas fora do contexto e que as ligou a episódios de violência, ódio e racismo.n
SAIBA MAIS
1996
Ano da primeira votação com urnas eletrónicas no Brasil. Mas foi muito antes que se iniciou o processo de criação de urnas eletrónicas naquele país. Já no primeiro Código Eleitoral, de 1932, estava previsto o "uso das máquinas de votar, regulado oportunamente pelo Tribunal Superior Eleitoral".
Votações no Mundo
De acordo com o Instituto Internacional para a Democracia Eleitoral, são 23 os países que usam sistemas de votação eletrónica em eleições nacionais, entre 167 países analisados.
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