Liga Guineense dos Direitos Humanos considera "ato irracional alegada tentativa de golpe" de Estado

Liga exorta ainda para que seja permitida a publicação dos resultados das eleições presidenciais e legislativas que deveriam ocorrer esta quinta-feira.

27 de novembro de 2025 às 16:15
Militares anunciaram tomada de poder na Guiné-Bissau, oposição reage Foto: AP
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A Liga Guineense dos Direitos Humanos considerou, esta quinta-feira, "ato irracional a alegada tentativa de golpe" de Estado protagonizada na quarta-feira por militares e apelou às Forças Armadas a regressarem aos quartéis e permitir a retoma do processo eleitoral.

Em comunicado, enviado à Lusa, a Liga exorta ainda para que seja permitida a publicação dos resultados das eleições presidenciais e legislativas que deveriam ocorrer esta quinta-feira, em Bissau.

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"Este ato irracional interrompe de forma abrupta um processo eleitoral ao longo do qual o povo guineense demonstrou, mais uma vez, a sua maturidade, serenidade e, acima de tudo, a sua vontade inequívoca de viver em paz e a sua fé na democracia como regime político ideal para o exercício do poder", refere, no comunicado.

A Liga condena "de forma enérgica e sem reservas, o suposto golpe de Estado" e exige igualmente a libertação imediata e incondicional de dirigentes políticos e outros cidadãos detidos à mando dos militares.

A Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau também emitiu um comunicado sobre a situação no país para expressar o seu "veemente e categórico repudio" pela alteração da ordem constitucional, que, defende, entre outros, visa interromper o processo eleitoral.

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A organização lamenta que a situação provocada pelas Forças Armadas esteja, "mais uma vez" a manchar a imagem e a credibilidade da Guiné-Bissau.

O Conselho Nacional de Juventude, estrutura afeta ao Governo e que coordena as várias organizações juvenis guineenses, também exige a libertação imediata e incondicional dos presos e ainda a continuidade do processo eleitoral.

Num comunicado a que a Lusa teve acesso nas redes sociais de guineenses, a plataforma juvenil apela ainda para que os militares desocupem as instalações da Comissão Nacional de Eleições (CNE) em Bissau.

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Igualmente através de um comunicado, os bispos católicos da Guiné-Bissau apelaram para a paz, respeito pela vida humana e à ordem constitucional, num momento considerado "delicado e importante" para o país.

No documento, os bispos expressam uma "palavra de paz e solidariedade" a toda a população e exortam as autoridades políticas e militares a agirem com "amor à pátria, espírito de sacrifício e respeito pelas normas democráticas".

O general Horta Inta-A foi empossado, esta quinta-feira, Presidente de transição da Guiné-Bissau, numa cerimónia que decorreu no Estado-Maior General das Forças Armadas guineense, um dia depois de os militares terem tomado o poder no país, antecipando-se à divulgação dos resultados das eleições gerais de 23 de novembro.

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Os militares anunciaram a destituição do Presidente Umaro Sissoco Embaló, suspenderam o processo eleitoral, os órgãos de comunicação social e impuseram um recolher obrigatório.

As eleições, que decorreram sem registo de incidentes, realizaram-se sem a presença do principal partido da oposição, Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e do seu candidato, Domingos Simões Pereira, excluídos da disputa e que declararam apoio ao candidato opositor Fernando Dias da Costa.

Simões Pereira foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.

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