Lula da Silva e Anthony Blinken reunem-se hoje em Brasília no meio da crise entre o Brasil e Israel
Guerra entre Israel e o Hamas e situação interna da Venezuela serão temas em destaque durante o encontro.
O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, e o presidente brasileiro, Lula da Silva, vão reunir-se esta quarta-feira em Brasília para tratarem de assuntos bilaterais e globais no momento em que o Brasil e Israel se confrontam numa crise diplomática em que nenhum dos lados parece disposto a ceder. Blinken chegou a Brasília no final da noite desta terça-feira, rodeado por grandes medidas de segurança.
Blinken vai pedir a ajuda de Lula, a quem considera um interlocutor com uma voz ativa em várias partes do mundo, nomeadamente na América Latina, África e mundo árabe, em questões trabalhistas e de direitos humanos, e na busca por soluções para alguns conflitos graves pelo mundo, nomeadamente a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Lula tem excelentes relações com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e pode ser mais um canal de negociação que leve ao fim do conflito no leste da Europa.
Outro assunto que já estava na agenda para ser discutido, mas que necessitará de uma abordagem diferente da prevista inicialmente trata-se da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. Declarações de Lula da Silva no passado domingo em Adis Adeba, na Etiópia, deixaram o governo israelita furioso e deram origem a uma grave crise diplomática, ao ponto do governo de Telavive ter dado uma reprimenda pública no embaixador brasileiro, Frederico Meyer, e de Brasília o ter chamado para consultas.
Os EUA evitaram criticar diretamente Lula da Silva mas esta terça-feira afirmaram "discordar" do brasileiro, que comparou a brutalidade de Israel contra palestinianos na Faixa de Gaza à usada por Hitler contra judeus. Essas declarações, consideradas até no Brasil desnecessárias e inadequadas, tiraram de Lula a condição de mediador imparcial no conflito, condição com que Blinken contava dada a proximidade do brasileiro com o mundo árabe.
Na reunião desta quarta-feira, que antecede a cimeira de ministros dos Negócios Estrangeiros do G20, grupo de que o Brasil tem atualmente a presidência rotativa, Lula e Blinken vão ainda discutir a situação interna na Venezuela e a tensão entre este país e a vizinha Guiana.
Lula foi o principal fiador do ditador Nicolás Maduro, de quem é amigo e aliado há anos, para permitir o afrouxamento das sanções internacionais à Venezuela em troca da garantia de Caracas de que realizaria ainda este ano eleições presidenciais realmente livres e democráticas. Mas, o governo venezuelano desencadeou nos últimos meses diversas ações contra opositores, ameaçando o frágil acordo, além de insistir em reivindicar parte do território do país vizinho.
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