Marco Rubio confirma que os EUA estudam punições ao juiz brasileiro que comanda processos contra Jair Bolsonaro

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, confirmou esta quarta-feira no Congresso dos EUA que o governo do presidente Donald Trump está a estudar aplicar sanções punitivas ao juiz brasileiro Alexandre de Moraes, que comanda os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, Supremo Tribunal Federal. Eventuais represálias contra o polémico juiz têm sido noticiadas há muito nos EUA, mas é a primeira vez que um membro destacado do governo avança com essa possibilidade.

“Isso está sob análise no momento e há uma grande possibilidade de que isso aconteça", afirmou Rubio em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Congresso. O secretário encontrava-se a responder às questões do deputado republicano Corry Mills, eleito pelo estado da Florida, se o governo Trump ia fazer alguma coisa contra o que considerou os graves atropelos de Alexandre de Moraes aos direitos humanos.

Nas suas questões, Mills afirmou que existe atualmente “um alarmante declínio dos direitos humanos no Brasil e verifica-se uma perseguição política à oposição.” O representante republicano ainda alertou que o STF, sob comando e forte pressão de Alexandre de Moraes, está a forjar acusações infundadas para decretar o que chamou de “prisão política” do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Alexandre de Moraes tem sido acusado por entidades e autoridades norte-americanas de censura e violação à liberdade de expressão por impor sucessivos bloqueios a publicações nas redes sociais que ele considera que disseminam desinformação e ódio. Como algumas das plataformas de onde o juiz obrigou a retirar conteúdos norte-americanos, as autoridades locais classificaram esses bloqueios como ataques à soberania nacional dos EUA, e o magistrado brasileiro já está inclusive a ser processado por empresas dos Estados Unidos, uma delas propriedade do próprio Donald Trump.

Uma possível punição a Alexandre de Moraes, nomeadamente com a proibição de entrada nos EUA e bloqueio de todos os bens no país, tem sido articulada por Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro e que tem uma relação muito próxima com a família de Donald Trump, que já o elogiou publicamente diversas vezes. Eduardo, alegando ser também perseguido político e poder ser preso arbitrariamente por Alexandre de Moraes a qualquer momento, licenciou-se do cargo de deputado federal no Brasil e fugiu para os Estados Unidos meses atrás.