Marte: à procura de vida no planeta vermelho

NASA envia novo veículo mais moderno para explorar o planeta vermelho.

04 de fevereiro de 2020 às 01:30
Marte
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Um novo veículo para exploração de Marte vai ser enviado para o planeta vermelho este ano com o objetivo de encontrar vestígios de vida. O novo rover vai juntar-se ao ‘irmão’ ‘Curiosity’, que explora Marte desde 2012 e que se dedicou a tentar perceber o que transformou o planeta num deserto gelado. O lançamento acontece em julho ou agosto, mas a chegada a Marte só está prevista para fevereiro de 2021.

O veículo espacial, cujo nome não foi ainda escolhido, vai aterrar na Cratera Jezero, uma área onde havia água e que fica a mais de 6 mil quilómetros do ‘Curiosity’.

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Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, explica que o rover vai "tentar encontrar água e vestígios de vida em profundidade", porque à superfície a "radiação é muito elevada", o que torna essa tarefa complicada.

A missão serve também para preparar a primeira viagem do homem a Marte, prevista para a década de 2030. A sonda levará fatos de astronautas para testar a capacidade de resistência à radiação.

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A capacidade tecnológica do novo veículo, cujo nome não foi ainda escolhido, é bastante superior à do ‘irmão’.

Enquanto o ‘Curiosity’ tem apenas quatro câmaras que captam e transmitem imagens a cores, o novo rover terá 23 câmaras, a maioria a cores. O novo equipamento vai ter ainda dois microfones capazes de captar pela primeira vez o som dos ventos marcianos e instrumentos da sonda em ação. Outra inovação é uma Mastcam-Z que permite fazer zoom, panorâmicas e gravar em alta definição.

Ainda assim, Rui Agostinho mostra-se cético quanto à possibilidade de encontrar vestígios de vida em Marte. "Tem havido um esforço muito grande e todos os resultados têm sido negativos em relação à existência de sinais de vida.

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Não ponho muita esperança nisso", analisa o astrofísico, notando que "é preciso ter em conta que estes robôs não têm grande mobilidade, porque é preciso recarregar as baterias a energia solar e Marte fica mais longe do Sol".

Rui Agostinho concede contudo que há "avanços no acesso à energia porque a tecnologia das baterias de lítio tem melhorado".

O novo rover terá também rodas mais estreitas e capazes de evitar o embate com pedras. Os braços robóticos terão brocas mais largas e capazes de cortar pedras inteiras e não apenas transformar tudo em pó. O veículo calcula o caminho cinco vezes mais rápido do que o ‘irmão’, o que permite colher mais amostras e cobrir uma área maior.

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"Vai quem estiver disposto a morrer"

"Estão a trabalhar em contrarrelógio para pôr outra vez homens na lua em 2024, e 2030 é pouco depois", avisa.

O problema começa na viagem: "Não é fácil ter duas ou três pessoas fechadas oito meses num foguetão, e depois ficar 24 meses à espera do alinhamento entre os dois planetas para voltar. A radiação é descomunal e há grande probabilidade de contrair cancro."

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Para Rui Agostinho, "o ambiente marciano não é um paraíso e só vai quem estiver disposto a morrer". "Marte não tem campo magnético, é atingido pelo vento solar. Na Terra, a atmosfera destrói meteoritos e em Marte estes atingem o chão", explica.

SAIBA MAIS

6371 km

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é o diâmetro de Marte, cerca de metade do da Terra. A temperatura no planeta vermelho varia entre 150 graus negativos e 20 graus positivos.

Todos os veículos

Os primeiro veículos em Marte foram o ‘Spirit’ e o ‘Opportunity’, em 2004: o primeiro ‘morreu’ em 2010 e o segundo em 2019. O ‘Curiosity’ chegou em 2012.

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Vermelho de ferrugem

Marte é rochoso, e tem uma cor avermelhada porque está coberto à superfície de uma camada de pó de óxido de ferro (ferrugem).

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