Moro nega ‘prémio’ por condenar Lula da Silva
Juiz refuta acusações do ex-presidente, que alega que magistrado foi nomeado como recompensa por afastá-lo das presidenciais.
O juiz brasileiro Sérgio Moro, que condenou e prendeu o ex-presidente Lula da Silva no âmbito da operação Lava Jato e que em janeiro assumirá o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, negou com veemência, esta quarta-feira, qualquer relação entre a prisão de Lula e a sua ida para o governo.
"Isso [a ida para o governo] não tem nada a ver com o processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi condenado e preso porque cometeu um crime e não por causa das eleições", defendeu-se Moro, alvo de críticas e suspeitas no Brasil e pelo Mundo por aceitar o convite de Bolsonaro.
"Sei que alguns, eventualmente, interpretaram a minha ida para o governo como uma espécie de recompensa. É equivocado, porque a minha decisão de condenar Lula foi tomada em 2017, sem perspetiva de que o deputado Bolsonaro fosse eleito presidente", referiu.
Lula sempre defendeu que o processo de que foi alvo, a sua condenação em 2017 e a prisão em abril deste ano fizeram parte de uma conspiração das elites para o tirarem das presidenciais do passado mês de outubro, nas quais era favorito, mas que, após a sua impugnação em setembro, foram vencidas pelo deputado de extrema-direita.
O antigo presidente acusa Sérgio Moro de ter sido o instrumento para essa trama, mas o juiz diz que tudo não passa de uma tentativa de Lula de forjar um álibi para os seus crimes.
"Eu não posso pautar a minha vida por uma fantasia de perseguição política, por um álibi falso", sublinhou o magistrado numa tentativa de dar o assunto por encerrado. E lembrou que a sua sentença contra Lula, de nove anos e meio de prisão, foi posteriormente referendada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, TRF-4, que ainda aumentou a pena do ex-presidente para 12 anos e um mês.
PORMENORES
Repetir tática da Lava Jato
Moro revelou que vai reproduzir no Ministério da Justiça e Segurança Pública o mesmo esquema de combate à corrupção que aplicou na operação Lava Jato e que, no combate ao crime organizado, vai infiltrar agentes de elite em organizações criminosas para as enfraquecer e depois desarticular.
Temer convida Bolsonaro
O presidente cessante do Brasil, Michel Temer, convidou o sucessor eleito, Jair Bolsonaro, para o acompanhar à Cimeira do G20 na Argentina, no final do mês, como parte da transição de poder para o novo governo.
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