Papa junta-se a críticas globais à decisão de Trump sobre Jerusalém

Anúncio de que os EUA vão reconhecer cidade como capital de Israel criticado em todo o mundo

06 de dezembro de 2017 às 11:16
Papa Francisco celebra missa no Vaticano Foto: Reuters
Papa Francisco celebra missa no Vaticano Foto: Reuters

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O papa Francisco pediu esta quarta-feira respeito pelo estatuto de Jerusalém e "sabedoria e prudência", numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos se prepara para reconhecer a cidade como capital de Israel.

"Não posso calar a minha profunda preocupação perante a situação que se criou nos últimos dias" sobre Jerusalém, declarou o papa, sem citar diretamente o anúncio de Donald Trump.

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"Peço que todos se comprometam a respeitar o estatuto da cidade, em conformidade com as resoluções da ONU", sublinhou, durante a audiência semanal, perante milhares de fiéis, no Vaticano.

Portugal teme escalada de violência

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O ministro dos Negócios Estrangeiros do governo português disse esta quarta-feira esperar que o reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel não "desperte uma escala da violência", salientando que a solução para o conflito passa pela "coexistência" entre Israel e a Palestina. O ministro qualificou como "contraproducente" e "prematura" a decisão de Donald Trump.

Turquia anuncia reunião de líderes muçulmanos

O Presidente da Turquia, Recep Rayyip Erdogan, vai organizar a 13 de dezembro em Istambul uma cimeira de dirigentes dos principais países muçulmanos na sequência da decisão dos Estados Unidos em reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

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"O nosso Presidente da República convocou uma cimeira extraordinária da Organização de Cooperação Islâmica (OCI) para permitir que os países muçulmanos atuem de forma unificada e coordenada diante desses desenvolvimentos", disse o porta-voz da presidência turca, Ibrahim Kalin, afirmando que a reunião vai decorrer a 13 de dezembro em Istambul, na Turquia.

Antes, o primeiro-ministro turco, Binali Yldirim, de visita a Seul, instou o presidente dos Estados Unidos a reconsiderar a decisão. "Na minha opinião, a decisão de mudar a embaixada dos Estados Unidos a Jerusalém pode agravar os conflitos entre Israel e a Palestina e entre as religiões", disse Yildrim durante uma conferência de imprensa em que estava presente o chefe do Executivo da Coreia do Sul, Lee Nak-yon.

Liga árabe reúne de emergência

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A Liga Árabe convocou esta quarta-feira uma reunião de emergência dos ministros dos Negócios Estrangeiros da região para discutir a intenção dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

A convocação da reunião foi solicitada pela Jordânia, após um pedido da Palestina.

Trump telefonou na terça-feira ao rei Abdullah II da Jordânia, ao Presidente egípcio, Abdelfatah al Sisi, e ao presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, para lhes comunicar a decisão, que deverá ser anunciada esta quarta-feira oficialmente às 13h00 locais (18h00 em Lisboa).

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ONU defende negociação

O enviado especial da ONU para o Médio Oriente, Nickolay Mladenov, disse esta quarta-feira que o futuro estatuto de Jerusalém deve ser assunto de negociações referindo-se à vontade dos Estados Unidos em reconhecer a cidade como capital israelita.

"O futuro de Jerusalém é um assunto que deve ser negociado entre israelitas e palestinianos em negociações diretas", disse Mladenov aos jornalistas.

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Preocupação no Reino Unido

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, em Bruxelas, também reagu ao anúnico americano: "Vemos com preocupação a informação que ouvimos", disse Johnson, à chegada a uma reunião da NATO.

"Acreditamos que Jerusalém deveria, é claro, fazer parte de uma solução final (para o conflito) entre israelitas e palestiniano, uma solução negociada", insistiu.

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Países não alinhados expressam "grave preocupação"

O Movimento dos Países Não-Alinhados expressou "grave preocupação" pela intenção dos EUA de transferir a sua embaixada em Israel de Telavive para Jerusalém, o que representa um reconhecimento de Washington daquela cidade como capital do Estado hebraico.

O Movimento, cuja presidência rotativa é assumida atualmente pelo Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, advertiu na terça-feira que "tais ações provocativas" não observam as resoluções do Conselho de Segurança" da ONU e "aumentarão ainda mais as tensões" na zona, "com potenciais repercussões de grande alcance".

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Num comunicado divulgado pela diplomacia venezuelana, o Movimento, surgido depois de formados os dois grandes blocos da Guerra-Fria, liderados pelos Estados Unidos e pela antiga União Soviética (URSS), recorda as resoluções da ONU em que se fala de Israel como "potência ocupante" e se pede a retirada de todas as representações diplomáticas da Cidade Santa.

China diz-se "preocupada"

A China disse esta quarta-feira estar preocupada com o plano do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, afirmando temer um "escalar de tensões" na região.

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"Estamos preocupados com uma possível escalada de tensões", afirmou Geng Shuang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

"Todas as partes envolvidas devem ter em mente a paz e estabilidade regionais, ter cautela nas ações e declarações, evitar minar a base para uma resolução da questão palestiniana e abster-se de gerar um novo confronto na região", afirmou Geng, em conferência de imprensa.

Síria fala em perigo

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O plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel "é perigoso", considerou esta quarta-feira o Governo sírio.

"A Síria condena fortemente a vontade do Presidente norte-americano de transferir a embaixada norte-americana para Jerusalém ocupada e de reconhecer Jerusalém como capital da ocupação israelita", afirmou uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio, citada pela agência oficial Sana.

Segundo a mesma fonte, "esta iniciativa perigosa da administração norte-americana mostra claramente o desprezo dos Estados Unidos pela lei internacional".

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