Polícia intima Bolsonaro a depor após descobrir mensagens em grupo de Whatsapp em que era planeado golpe de Estado
Bolsonaro enviou vários arquivos com notícias falsas e pediu aos participantes que partilhassem para chegarem ao maior número possível de pessoas.
A Polícia Federal (PF) brasileira intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro a depor mais uma vez, sobre a participação num grupo de Whatsapp formado por empresários que no final de 2022 articulavam um golpe de Estado para impedir a tomada de posse de Lula da Silva, vencedor das presidenciais de Outubro do ano passado. Após meses de investigação, a PF encontrou entre outros milhares de missivas várias mensagens do próprio Bolsonaro incentivando os golpistas.
Nas mensagens enviadas do telemóvel de Bolsonaro ao grupo de empresários que planeavam e prometiam financiar uma ruptura institucional para manter o então presidente no poder, Jair Bolsonaro enviou vários arquivos com notícias falsas e pediu aos outros participantes que fizessem a partilha dessas fake news em massa, para chegarem ao maior número possível de pessoas. Alguns desses arquivos eram textos e vídeos que mentiam sobre a possibilidade de fraude nas urnas eletrónicas para mudar os votos nelas depositados, e em outras havia ataques fortes, até de índole pessoal, contra os juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mais críticos a Bolsonaro e que ele acusava de fazerem parte de uma conspiração para o tirar da presidência.
Nesse grupo de Whatsapp, discutia-se, entre outras ações criminosas, inclusive armadas, fazer um decreto presidencial extraordinário trocando os três juizes mais críticos a Bolsonaro no TSE por outros três mais próximos ao então governante. Dois desses juízes foram nomeados por Bolsonaro para o Supremo Tribunal Federal, de onde saem três dos juizes do Tribunal Superior Eleitoral, e costumam votar sistematicamente de acordo com as posições extremistas que Bolsonaro defende.
O depoimento, o quinto que Bolsonaro fará sobre diversas acusações desde Abril, quando voltou ao Brasil depois de passar três meses nos EUA, foi marcado para o próximo dia 31, na sede da Polícia Federal em Brasília. Mas os advogados de Bolsonaro, que têm repetidamente contestado e desafiado a polícia e a justiça alegando que as inúmeras denúncias contra o ex-presidente são perseguição política e não têm qualquer fundamento, já avisaram que o ex-chefe de Estado só irá depor se eles tiverem acesso imediato e irrestrito ao relatório da investigação.
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