Três crianças entre os 39 mortos na queda de ponte em Itália
Um troço da ponte com cerca de 100 metros ruiu, arrastando carros e camiões e esmagando pessoas.
O colapso da ponte Morandi, na cidade de Génova, Itália, causou esta terça-feira dezenas de mortos. A agência France-Press avançou que o número de mortos subiu para 39.
Esta manhã, o ministro do Interior italiano comunicou que o número de vítimas confirmadas era de 35. Matteo Salvini avançou ainda que entre as vítimas estão três crianças de 8, 12 e 13 anos.
"Sobe, infelizmente, para 35 o número de vítimas do massacre de Génova, entre os quais três crianças de 8, 12 e 13 anos, com os últimos corpos recuperados pelos bombeiros que trabalharam sem parar esta noite", disse Salvini.
Matteo Salvini garantiu ainda que os culpados que levaram a esta tragédia não vão sair impunes.
Uma secção do tabuleiro com 100 metros de comprimento e uma altura de 50 metros caiu quando chuva intensa e trovoada se abatiam sobre a cidade, deixando dezenas de pessoas feridas e presas entre os escombros. Algumas testemunhas contam que "um raio atingiu a ponte" imediatamente antes da derrocada.
"No momento do colapso havia entre 30 a 35 automóveis e entre cinco a dez camiões a passar", afirmou o chefe da Proteção Civil, Angelo Borrelli.
"Foi justamente depois das 11h30 que vimos como os raios caíam na ponte e logo a seguir vimos a ponte a cair", afirmou Pietro M., que assistiu, incrédulo, à derrocada. "Saí do túnel, vi uma fila de veículos e ouvi um ruído. Vi pessoas a correrem na minha direção descalças e aterrorizadas", contou o camionista Alberto Lercani, que por muito pouco não chegou à parte da ponte que ruiu.
"Os detritos da derrocada chegaram a 20 metros de distância do meu carro", conta Davide Ricci, que viajava para Nervi e viu a derrocada "diante dos seus olhos". E diz mais: "Primeiro caiu o pilar central, depois veio abaixo o resto."
A estrutura da ponte abateu-se sobre um armazém da Amiu, empresa municipal de ambiente, e também sobre armazéns da Ansaldo Energía, uma das principais centrais de produção elétrica de Itália. Como medida preventiva, foram evacuados os prédios que estão sob as partes da ponte e que permaneceram de pé.
A Autostrade, unidade da Atlantia, controlada pela família Benetton e responsável pelo troço de autoestrada A10 que inclui a ponte Morandi, afirma que decorriam, na altura do colapso, obras de manutenção nas fundações. Contudo, Borrelli disse desconhecer obras em curso nas estruturas da ponte.
O ministro do Interior, Matteo Salvini, afirmou, por seu lado, que "uma tragédia como esta não é aceitável em 2018" e garantiu que os responsáveis "vão pagar por tudo e pagar muito".
Uma ponte polémica que ameaçava ruína A chamada ponte Morandi, assim designada por causa do engenheiro que a planeou, Riccardo Morandi, foi terminada em 1967 e estava envolta em polémica desde a inauguração. Primeiro, por causa dos custos de construção, depois por causa da manutenção demasiado dispendiosa.
Para muitos a ponte era um fracasso, pois os custos de manutenção iriam em breve superar os gastos com a construção de uma nova ponte. Outros dizem que a tragédia se adivinhava.
Todos os anos circulavam na ponte mais de 25 milhões de veículos, com um incremento de trânsito de 40% nos últimos 30 anos e previsão de mais 30% nas próximas três décadas.
Curiosamente, uma ponte semelhante à de Génova, construída pelo mesmo engenheiro na Venezuela, em 1962, ruiu dois anos após a construção devido ao embate de um petroleiro num dos pilares.
PORMENORES
"A ponte preocupava"
"O estado da ponte sempre nos preocupou. Ninguém passava a ponte sem preocupações", afirmou uma residente de Génova, acrescentando: "Toda a gente rezava para que a ponte não caísse. Hoje isso aconteceu."
Centenas de bombeiros
Mais de 300 bombeiros estão a trabalhar nos destroços com a ajuda de cães pisteiros para tentarem localizar sobreviventes. As buscas continuaram pela noite adentro, uma vez que havia sinais de pessoas vivas encarceradas em veículos e soterradas nos restos da ponte.
Pessoas soterradas
"Estamos a continuar a operações de resgate porque há pessoas vivas sob os escombros", afirmou Alessandra Bucci, porta-voz da polícia de Génova, adiantando que quatro pessoas foram retiradas com vida dos escombros.
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