Secretário-geral do maior partido da oposição em Moçambique renuncia ao cargo
Alberto Ferreira alegou "motivos pessoais" para o sucedido. Nas eleições de 9 de outubro, o Podemos, que nunca teve um deputado no parlamento desde a sua criação, tornou-se o maior partido da oposição.
O secretário-geral do Podemos, o maior partido da oposição em Moçambique, Alberto Ferreira, renunciou esta quinta-feira ao cargo por "motivos pessoais", quase dois meses após a sua eleição ter sido confirmada pelo tribunal de Maputo.
"Por motivos pessoais mesmo, cheguei à conclusão de que devia renunciar. Depois daquela vitória através do tribunal, houve um silêncio [do partido]", disse à Lusa Alberto Ferreira.
Em 17 de junho, o tribunal judicial de KaMavota, na cidade de Maputo, julgou procedente o pedido do membro do Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) Alberto Ferreira de impedir a formação política de realizar uma segunda volta à eleição para secretário-geral, que afirmou ter vencido com 37% dos votos.
Os resultados do escrutínio, realizado em 24 e 25 de maio, durante o conselho central do partido, foram rejeitados pela comissão eleitoral, alegadamente porque o candidato não teve maioria absoluta, sugerindo-se, por isso, a realização de uma segunda volta.
Num despacho datado de 11 de junho, assinado pela juíza Céndia Tomás e que a Lusa teve acesso, o tribunal intimou o partido a abster-se de realizar uma segunda volta das eleições ao cargo de secretário-geral do partido ou "de qualquer ato que possa colocar em causa a eleição já consumada" até decisão definitiva do tribunal.
No documento que Alberto Ferreira submeteu, em 29 de maio, pedia a "suspensão imediata" de qualquer tentativa de convocar uma segunda volta às eleições, argumentando que é contra os estatutos e que atenta "gravemente contra a estabilidade institucional e democrática do partido".
Alberto Ferreira foi deputado pela bancada parlamentar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) na legislatura passada, sendo agora membro do Podemos, partido que afirma ter fundado.
O Podemos, registado em maio de 2019, é composto por dissidentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), e que viu a popularidade disparar desde o anúncio, em 21 de agosto de 2024, do apoio à candidatura de Venâncio Mondlane nas presidenciais.
Nas eleições de 09 de outubro, o Podemos, que nunca teve um deputado no parlamento desde a sua criação, tornou-se o maior partido da oposição em Moçambique, tirando esse estatuto à Renamo, que se mantinha desde as primeiras eleições multipartidárias, em 1994.
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