Em causa está a greve nacional dos taxistas, convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola, que decorreu entre 28 e 30 de julho em protesto contra o aumento do preço do gasóleo.
O político moçambicano Venâncio Mondlane comparou este domingo os protestos em Luanda à contestação pós-eleitoral em Moçambique, afirmando que resultam de povos cansados de viverem na pobreza, apesar das "riquezas" dos recursos de ambos os países.
"O protesto em Angola pela vossa dignidade é justo, o protesto em Angola para a situação de reivindicar o direito que vocês têm de ter uma parte do bolo dessa riqueza imensa que a Angola tem, é por direito. A greve, manifestação, levar cartazes, gritar contra a injustiça, Isso é o mais elementar que um ser humano tem", afirmou Venâncio Mondlane, ao intervir em direto na sua conta na rede social Facebook.
O político, ex-candidato presidencial nas eleições gerais moçambicanas de 09 de outubro, que não reconhece os resultados oficiais e liderou a contestação em Moçambique, recordou que os dois países são "fortes" em petróleo e gás natural, mas em "contrapartida" têm "elevados" níveis de pobreza, corrupção e impunidade.
"E os angolanos, naturalmente, que têm expectativas em relação a essa riqueza, que é a riqueza deles, não é uma riqueza de um punhado, não é uma riqueza de uma meia dúzia de angolanos. Esta riqueza é dos cerca de 36 milhões de angolanos", afirmou, sobre a recente contestação em Luanda, comparando-a com Moçambique.
"Isto é básico. O ser humano que não reclama, não protesta, quando está a ser massacrado, escravizado, esse ser humano, digamos assim, é mais um masoquista do que propriamente um bom cidadão", disse, reconhecendo que moçambicanos e angolanos se sentem "frustrados" com a situação dos respetivos países.
Em causa está a greve nacional dos taxistas, convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA), decorreu entre 28 e 30 de julho em protesto contra o aumento do preço do gasóleo, resultando em confrontos violentos, atos de vandalismo e pilhagens em várias zonas da capital e noutras províncias, que causaram 30 mortos, 277 feridos e 1.515 detenções.
Em Moçambique, o Ministério Público (MP) acusou formalmente Venâncio Mondlane de ter apelado a uma "revolução" nos protestos pós-eleitorais, provocando "pânico" e "terror" na população, responsabilizando-o pelas mortes e por mergulhar o país no "caos".
No despacho de acusação, de 22 de julho, o MP recorre, como grande parte da prova, aos apelos à contestação, greves, paralisações e de mobilização para protestos feitos nos diretos de Venâncio Mondlane nas redes sociais, ao longo das várias fases da contestação ao processo eleitoral de 2024 em Moçambique.
Segundo organizações não-governamentais que acompanham o processo eleitoral em Moçambique, cerca de 400 pessoas morreram em resultado de confrontos com a polícia, além de destruição de património público e privado, saques e violência.
"Vejam o potencial e digam-me se não há razões para as pessoas terem expectativas e se sentirem frustradas nesse país. Em matéria de direitos humanos, tanto Moçambique como Angola, os relatórios que existem, os relatórios da Amnistia Internacional, mostram o mesmo cenário. Liberdade de expressão, não temos. Não há liberdade de expressão nem em Moçambique, nem em Angola. Perseguição àqueles que se expressam livremente. Detenções arbitrárias, tanto em Moçambique como em Angola", acusou, por sua vez, Mondlane.
"Não são vândalos, não", disse ainda, sobre os manifestantes, em Angola e Moçambique, afirmando serem "pessoas lançadas a uma miséria" e "pobreza que até retira a dignidade humana": "É isto que leva aos nossos povos a reivindicar. É isto que leva aos nossos povos a protestar. E num país normal e pessoas normais em plena democracia têm o direito, sim, de protestar. Têm o direito, sim, de dizer não".
"Pessoas que foram marginalizadas ao longo deste tempo, estas pessoas que foram lançadas para a miséria, para a pobreza de que retira a dignidade humana, hoje estão a ser tratados como vândalos. Estão a ser tratados como desordeiros. Estão a ser tratados, falta agora, daqui a pouco, começarem a ser tratados como terroristas também. É o mesmo cenário que fizeram em Moçambique", concluiu.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.