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Partido 'Podemos' anuncia continuação de marchas em Moçambique e acusa polícia de atirar para intimidar

Albino Forquilha defendeu a realização de manifestações pacíficas e acusa a polícia de "não proteger os manifestantes".

08 de novembro de 2024 às 15:06

O presidente do partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Albino Forquilha, anunciou esta sexta-feira a continuação das manifestações anteriormente convocadas por Venâncio Mondlane, acusando a polícia de atirar em manifestantes "para intimidar".

"Quem devia proteger os manifestantes, assegurar que o processo decorra com harmonia, é a mesma pessoa que atira sobre os manifestantes para intimidar", declarou Albino Forquilha.

Em conferência de imprensa, em Maputo, o presidente do Podemos defendeu a realização de manifestações pacíficas, acusando a polícia moçambicana de atirar contra manifestantes com "balas verdadeiras" com a intenção de matar.

"Essa situação é entendida como tentativa de proteger as irregularidades que aconteceram nas eleições, intimidar as nossas reclamações pela justiça e isso pode extremar posições. Por isso, quem vai à rua pensa em como se defender", apontou Forquilha, indicando que a violência começa com as autoridades policiais.

"Estamos a começar a pensar que há se calhar um projeto de ganhar com isto. Ninguém já apareceu a condenar o baleamento de moçambicanos, temos tantos moçambicanos a serem baleados como se fosse normal. Ninguém se opõe a isso, parece que há uma autorização de que podem matar para impedir que as pessoas se revoltem", acrescentou o presidente do partido Podemos.

Forquilha disse ainda que as manifestações fazem parte da "pressão aos órgãos eleitorais", defendendo que as marchas "vão continuar": "que fique claro que estamos a fazer uma pressão que a consideramos justa (...) Mas sabem que temos dezenas de pessoas que morreram nas manifestações com balas reais".

Em 06 de novembro, a Lusa noticiou que o Conselho Constitucional (CC) de Moçambique deu um prazo de 72 horas à Comissão Nacional de Eleições (CNE) para esclarecer discrepâncias do número de votantes nas três eleições ocorridas em 09 de outubro, indica um despacho da instituição.

Esta sexta-feira, na conferência de imprensa, a formação política anunciou a submissão de uma reclamação junto do CC em que afirma que o acórdão do órgão é "manifestamente ilegal e injusto", pedindo na sequência a sua anulação.

"Não sabemos por que o CC tem medo de dizer que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) perdeu as eleições. Qual é o problema de dizer que a CNE foi incompetente? A fase da validação não é para observar se o número de eleitores é igual a de votantes, é só para deliberar e verificar se a CNE cumpriu com questões legais e se verificar isso, proclama os vencedores", afirmou Dinis Tivane, porta-voz do Podemos.

O anúncio pela CNE de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder desde 1975 na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

Após protestos nas ruas que paralisaram o país, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo anteriormente convocada para quinta-feira, 07 de novembro.

Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro em Moçambique, anunciou na quinta-feira que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.

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