Trump ameaça Irão com "consequências que mais ninguém na História sofreu"

Presidente dos EUA lança aviso no Twitter depois de líder iraniano prometer "a mãe de todas as guerras".

24 de julho de 2018 às 01:30
Donald Trump Foto: Getty Images
Donald Trump Foto: EPA
Hassan Rouhani Foto: Reuters
Irão Foto: Reuters
Porta-aviões norte-americano Foto: Reuters

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O presidente norte-americano Donald Trump ameaçou esta segunda-feira o Irão com "consequências que mais ninguém na História sofreu", depois de o regime de Teerão ter prometido "a mãe de todas as guerras" se os EUA algum dia ousarem atacar o país, numa troca de ameaças que faz aumentar o receio de um conflito armado numa zona crucial para a economia Mundial.

"Nunca mais voltem a ameaçar os Estados Unidos ou sofrerão consequências que mais ninguém na História sofreu. Já não somos um país que tolera as vossas palavras dementes de violência e morte. Tenham cuidado!", escreveu Trump no Twitter, em maiúsculas, numa mensagem dirigida ao presidente iraniano, Hassan Rouhani. Horas antes, num discurso em Teerão, este tinha avisado o presidente dos EUA para "não brincar com a cauda do leão".

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"A América deve saber que a paz com o Irão é a mãe de toda a paz, mas uma guerra com o Irão será a mãe de todas as guerras", disse o líder iraniano, no que alguns observadores interpretaram, não como uma ameaça, mas como uma abertura à negociação. Trump, claramente, optou pela primeira hipótese e respondeu com a fúria habitual, fazendo lembrar os ataques que lançou contra a Coreia do Norte antes de aceitar sentar-se à mesa das negociações.

A tensão entre os EUA e o Irão aumentou desde que Trump decidiu rasgar, em maio, o acordo nuclear assinado por Obama em 2015 e ameaçou impor novas sanções económicas, numa campanha de pressão para isolar o regime de Teerão e tentar forçar uma mudança de regime.

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Governo iraniano comparado à máfia

O secretário de estado dos EUA, Mike Pompeo, comparou domingo o regime de Teerão à Máfia, e disse que o PR Rouhani não passa de um "educado testa de ferro de um grupo de aldrabões".

Bolton defende mudança de regime

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Casa Branca nega planos para mudança de regime, mas o Conselheiro de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, prometeu à oposição iraniana que estará no poder "até final de 2019".

Presidente dos EUA rasgou em maio o "pior acordo de sempre"

O acordo com o Irão, assinado em 2015 após mais de uma década de negociações, previa a suspensão das atividades nucleares de Teerão em troca do levantamento das sanções. Trump diz que é o "pior acordo de sempre" porque se limita a adiar as ambições nucleares de Teerão e não impede o regime de desenvolver mísseis.

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Regime de Teerão ameaça bloquear Estreito de Ormuz

O Irão ameaçou no início deste mês bloquear o Estreito de Ormuz se os EUA impedirem o país de exportar petróleo, fazendo aumentar o risco de um confronto armado entre os dois países. Além de rasgar o acordo nuclear com o Irão e impor novas sanções ao regime de Teerão, que vão entrar em vigor no próximo mês, Donald Trump avisou em maio os aliados para cessaram as importações de petróleo iraniano até novembro sob ameaça de sanções.

O objetivo do presidente dos EUA é estancar a principal fonte de receitas do Irão e isolar politicamente o regime, fazendo aumentar a contestação interna ao regime dos 'ayatollahs'. Washington  alega ainda que o dinheiro da venda de crude está a ser usado para aumentar a influência de Teerão na região.

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O Irão já avisou, no entanto, que, se não puder exportar o seu crude, "mais ninguém poderá", recuperando assim a antiga ameaça de bloquear o Estreito de Ormuz, que une o Golfo Pérsico ao Oceano Índico e por onde passa 30% do petróleo que abastece os mercados mundiais. Os EUA apressaram-se a responder, garantindo que usarão "todos os meios necessários" para manter aberta aquela importante via marítima.

PORMENORES

"Guerra psicológica"

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O comandante das forças paramilitares Basij, que fazem parte da Guarda Revolucionária do Irão, disse ontem que as ameaças de Trump não passam de "guerra psicológica". "Não vamos abdicar dos nossos valores revolucionários e vamos continuar a resistir aos imperialistas", prometeu.

Apoio de Israel

O PM israelita, Benjamin Netanyahu, manifestou o seu apoio à "posição de força" de Trump. Já o MNE alemão, Heiko Maas, afirmou que as ameaças de guerra "nunca ajudam".

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Iranianos banidos

Além de rasgar o acordo nuclear e voltar a impor sanções ao regime de Teerão, Trump proibiu a entrada de viajantes iranianos nos EUA no âmbito do reforço da política de imigração.

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