Venezuela acusa EUA de "ato de pirataria internacional"

Petroleiro apreendido nas Caraíbas transportava 1,6 mil milhões barris de crude no valor de 95 milhões de dólares.

12 de dezembro de 2025 às 01:30
Forças Especiais da Guarda-Costeira dos EUA tomaram o petroleiro ao largo da Venezuela Foto: AP
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O Governo venezuelano acusou esta quinta-feira os EUA de cometerem um “ato de pirataria internacional” com a abordagem e apreensão de um petroleiro carregado de crude ao largo da costa da Venezuela, numa significativa escalada da pressão militar e económica sobre o regime de Caracas.

“Este ato revela os verdadeiros motivos por detrás da agressão norte-americana contra a Venezuela: sempre foi por causa dos nossos recursos naturais, do nosso petróleo, da nossa energia, dos recursos que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano”, denunciou o Governo de Nicolás Maduro em comunicado.

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O petroleiro, identificado como ‘Skipper’ e que navegava sob falsa bandeira da Guiana, foi apresado em alto mar, ao largo da costa venezuelana, na quarta-feira à noite. Imagens partilhadas pela Casa Branca mostram comandos navais fortemente armados a descerem de um helicóptero e a tomarem rapidamente o controlo do navio, que transportava 1,6 mil milhões de barris de crude carregado dias antes em Puerto José, na Venezuela.

Segundo o Departamento de Justiça, o petroleiro, que já tinha sido sancionado pelos EUA em 2022, faz parte de uma ‘frota fantasma’ usada para transportar petróleo da Venezuela e do Irão à revelia das sanções internacionais. “É um petroleiro, muito grande, um dos maiores alguma vez apreendidos”, disse o presidente Donald Trump ao anunciar a operação. Questionado esta quinta-feira pelos jornalistas sobre os que os EUA vão fazer com o crude transportado pelo navio, avaliado em cerca de 95 milhões de dólares, Trump respondeu: “Acho que vamos ficar com ele”.

Corina Machado agradece "ações decisivas" de Trump

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A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, saudou a apreensão do petroleiro ao largo da costa venezuelana pelos EUA e as outras “ações decisivas” do presidente Donald Trump para aumentar a pressão sobre o regime de Maduro. “Estes criminosos têm de ser travados e eliminar os recursos das suas atividades ilegais é um passo necessário”, disse a dirigente opositora em Oslo, na Noruega, onde chegou na madrugada desta quinta-feira, horas após a filha ter recebido em seu nome o Prémio Nobel da Paz. Mal chegou à capital norueguesa, pelas 2h30 da madrugada, dirigiu-se à varanda do hotel para saudar as centenas de apoiantes que a esperavam, antes de descer e cair, emocionada, nos braços da multidão, que gritava palavras de ordem como “liberdade” e “coragem”. Já depois, numa entrevista, garantiu que voltará em breve à Venezuela, e que o seu regresso não está dependente de um eventual afastamento de Maduro.“Voltarei quando acharmos que existem condições de segurança”, sublinhou, antes de se referir à pressão de Trump, que diz ter “enfraquecido” o regime. “Antes, julgavam que tinham impunidade. Agora percebem que é a sério e que o mundo está a ver”, afirmou. Questionada se apoia uma eventual intervenção militar dos EUA para derrubar Maduro, Machado evitou responder, mas lembrou que foi o presidente venezuelano quem “permitiu que o país fosse invadido”. “Temos agentes do Irão e grupos terroristas como o Hezbollah e oHamas que atuam em conluio com o regime, e cartéis narcotraficantes que fizeram da Venezuela um antro de criminalidade”, acusou.

María Corina Machado passou por mais de dez controlos de segurança na viagem até Oslo

Viagem arriscada

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A viagem de Corina Machado até Oslo durou mais de 48 horas e foi recheada de perigos. A opositora venezuelana, que está na clandestinidade há mais de um ano, saiu de Caracas na segunda-feira, disfarçada e acompanhada por mais duas pessoas, e usou uma identidade falsa para passar por mais de uma dezena de controlos de segurança até chegar a um pequeno porto pesqueiro na costa, onde apanhou um barco de madeira até Curaçao. A travessia durou mais que o esperado devido ao estado do mar, e a sua equipa teve de avisar os EUA para que o barco não fosse confundido com uma embarcação de traficantes e atacada. Já na ilha pertencente aos Países Baixos embarcou num jato privado que fez escala em Bangor, no Maine (EUA) antes de atravessar o Atlântico Norte rumo à Noruega. A viagem foi coordenada com os EUA e planeada durante dois meses.

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