Agentes prenderam mais de 900 pessoas envolvidas em atos de vandalismo e agressões às forças de ordem.
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Paris viveu este sábado uma nova jornada de violência. Como nos últimos sábados, milhares de manifestantes semearam o caos na capital francesa, envolvendo-se em confrontos com a polícia e vandalizando carros e lojas comerciais. O balanço oficial indica 920 pessoas detidas e uma centena de feridos. Para controlar os desacatos foram mobilizados oito mil polícias só em Paris, e 89 mil a nível nacional.
Polícia lança granadas de gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes em França
"A violência nas ruas é necessária. Só assim o governo francês nos vai ouvir." Quem o diz é Fernando Silva, 43 anos, sem qualquer pudor. É com orgulho que veste um colete amarelo, no centro dos protestos nos Campos Elísios, em Paris. Nem mesmo o gás lacrimogéneo ou as balas de borracha que voam à nossa volta levam o lusodescendente a temer pela vida.
Está no local que acredita ser o mais acertado. "Não devemos temer os desacatos que vão ocorrendo nas ruas. Este é um ato de liberdade. Temos de mostrar que estamos descontentes", explicou ao CM o emigrante natural da Guarda.
O gás está disperso pelas ruas. Assim como o pânico de milhares de pessoas. Há gritos e os momentos de tensão são constantes. Somos obrigados a correr avenida acima e avenida abaixo. Abrigamo-nos como podemos nas soleiras das lojas. Só assim nos resguardamos das investidas da polícia e dos desacatos dos que se manifestam. É difícil circular pelas avenidas sem máscara e óculos de proteção.
Coletes amarelos incendeiam carros em França
Ontem, à semelhança da semana passada, carros voltaram a ser incinerados nas ruas, onde voltaram a arder fogueiras. As montras, apesar de barricadas por tábuas, foram novamente estilhaçadas.
Foi este o cenário na Avenue Marceau, uma das mais afetadas pelos desacatos. No topo da avenida fica uma agência da Caixa Geral de Depósitos. Completamente entaipada, não foi danificada pela ira dos ‘coletes amarelos’. Olívia Tavares, 41 anos, é porteira num prédio desta avenida.
"Isto é uma guerra": relato de um português nos momentos de tensão em Paris
"Nunca tinha visto tal violência. Desta vez, coloquei as minhas filhas numa casa de amigos fora de Paris", assumiu a lusodescendente. Apesar do medo, Olívia veste um colete amarelo e fez questão de participar nas manifestações. "A vida está muito difícil. É impossível viver em França. Pagar seguros, médicos, multas e outras despesas. Este país já não compensa", lamentou ao CM.
Hélder Tavares, natural de Águeda e marido de Olívia, concorda. "A vida está muito cara. O frigorífico começa a ficar vazio e o desespero aumenta, sobretudo quando olhamos para as nossas filhas."
Protestos violentos em Bruxelas
A polícia belga prendeu ontem mais de 400 pessoas em Bruxelas durante protestos inspirados pelos ‘coletes amarelos’ franceses. Como em Paris, os manifestantes atacaram a polícia com pedras e bombas artesanais, vandalizando também dezenas de lojas.
A polícia dispersou o protesto com canhões de água, gás pimenta e granadas de gás lacrimogéneo. Este foi o segundo protesto do género em oito dias e terá reunido pouco mais de mil pessoas, segundo as autoridades belgas.
SAIBA MAIS
29 maio
data em que Priscilla Ludosky, de Seine-et-Marne, lança uma petição na net a pedir a descida dos combustíveis, que em janeiro deste ano tiveram um aumento de 7,6 cêntimos no gasóleo e 3,6 cêntimos na gasolina. A petição superou o milhão de assinaturas em novembro.
Apelo no Facebook
A 10 de outubro, dois outros residentes de Seine-et-Marne, Éric Drouet e Bruno Lefevre, lançaram um apelo no Facebook a um "bloqueio nacional contra o aumento dos combustíveis".
Vídeos iniciam movimento
No final de outubro vários vídeos virais dão novo impulso ao que veio a ser o movimento dos ‘coletes amarelos’. Um deles, de Jacline Mouraud, foi visto mais de seis milhões de vezes.
Primeiras manifestações
A 9 de novembro, no centenário do Armistício, alguns ‘coletes amarelos’ tentam interpelar o presidente Emmanuel Macron quando visita o Somme. Nos dias 10 e 15, há bloqueios simbólicos de estradas em Neubourg.
Vítima mortal em bloqueio
A primeira semana de protestos decorre entre 17 e 23 de novembro. Num bloqueio de estrada em Pont-de-Beauvoisin, na Saboia, uma condutora assustada acelera e atinge manifestantes, matando uma mulher de 63 anos. Nos dias seguintes há protestos em Paris e outras cidades, mobilizando milhares de pessoas.
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