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Paraquedistas portugueses envolvem-se em tiroteio na República Centro-Africana

Capacetes azuis lusos "estão todos bem e em segurança".

10 de janeiro de 2019 às 19:40
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Paraquedistas portugueses envolvem-se em tiroteio na República Centro-Africana

Os paraquedistas portugueses em missão das Nações Unidas na República Centro-Africana envolveram-se esta quinta-feira num intenso tiroteio com um grupo mafioso armado, no centro da cidade de Bambari, a 400 kms da capital Bangui. Os capacetes azuis lusos "estão todos bem e em segurança", disse ao CM fonte do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

A troca de tiros prolongou-se por cinco horas. Do ataque protagonizado pelo grupo UPC ( sigla para União para a paz na República Centro-Africana) resultaram pelo menos duas mortes na polícia local e, de acordo com os Médicos Sem Fronteiras, outros 30 feridos por balas.

"Os paraquedistas portugueses estiveram em combate direto com o objetivo de proteger civis e restabelecer a paz, entrepondo-se entre o grupo opositor e a população civil indefesa", explicou a mesma fonte.

Aquele grupo armado saiu da mesa de negociações com o governo da RCA e tenta, desta forma, mostrar força. Contra as forças armadas locais "utilizaram armamento pesado", colocando  civis no fogo cruzado durante o confronto. O seu objetivo foi ainda demonstrar "capacidade de controlo do comércio local", que mantêm refém de ações mafiosas como "cobrança ilegal de impostos". A entrada do grupo armado em Bambari "provocou a debandada precipitada da população para fora da cidade".

De acordo com a resolução das Nações Unidas, os paraquedistas portugueses têm como "tarefas prioritárias" a proteção dos civis, o apoio ao processo de paz, facilitar a assistência humanitária e a proteção do pessoal, instalações, equipamentos e bens das Nações Unidas.

Portugal está na RCA há quase dois anos, com companhias de tropas especiais do Exército. A atual Força Nacional Destacada é composta por paraquedistas do 2º Batalhão de Infantaria Paraquedista, que conta agora com um efetivo total de 180 militares, reforçadas com viaturas blindadas de rodas PANDUR. 

A mesma força de paraquedistas já se haviam envolvido em vários confrontos armados em Bambari, em novembro (ver vídeo). Nessa altura sofreram um ferido: um militar atingido num braço com um disparo.

Bambari deveria acolher hoje e sexta-feira a jornada mundial da alimentação, um evento onde se esperava a presença do Presidente centro-africano, Faustin-Archange Touadéra.

Este evento, originalmente previsto para 16 de outubro último, tinha já sido adiado por duas vezes devido a violências. O Governo centro-africano suspendeu as cerimónias.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O Governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por 18 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

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