"Temos grande potencial agrícola, mas até hoje ainda dependemos dos alimentos que importamos. É um grande desafio", disse a engenheira.
A engenheira agrónoma angolana Josefa Sacko apontou esta sexta-feira a adaptação às alterações climáticas e a autossuficiência alimentar de África como prioridades de um segundo mandato na Comissão da União Africana, que quer marcado pela ação.
"Temos grande potencial agrícola, mas até hoje ainda dependemos dos alimentos que importamos. É um grande desafio", disse Josefa Sacko.
A diplomata e atual comissária da União Africana para a Agricultura e Economia Rural, Josefa Leonel Correia Sacko falava hoje, em Luanda, durante a apresentação da sua recandidatura a um segundo mandato para esta pasta, que passará também a integrar a Economia Azul e o Ambiente.
"Principalmente na África Subsaariana, temos água, temos terra, temos o clima, mas infelizmente a nossa agricultura ainda não chegou ao nível de atingir a autossuficiência alimentar", sublinhou.
A responsável considerou que a pandemia de covid-19 trouxe "uma grande destruição da cadeia de distribuição agrícola" em África, tornando mais premente a necessidade de o continente ser autossuficiente.
"Importamos entre 30 e 40 mil milhões de dólares de alimentos por ano e a pandemia veio dizer-nos que temos de nos organizar no nosso continente", disse, dando como exemplo as dificuldades de importar arroz durante este período da pandemia.
Para contornar essa dependência, Josefa Sacko adiantou ter apresentado aos Estados da União Africana uma proposta para a criação de reservas de alimentos nas cinco sub-regiões africanas, programa que quer implementar no próximo mandato beneficiando da recém-criada zona africana de livre comércio.
O programa prevê a criação de reservas alimentares de frutas e hortícolas no Norte de África, arroz na África Ocidental, mandioca na África Central, milho na África Oriental e pecuária na África Austral.
No domínio do ambiente, Josefa Sacko considerou que "a operacionalização do Acordo de Paris tem falhado" e que é preciso "acelerar e atualizar" as "exigências para a adaptação" às alterações climáticas.
"A nossa prioridade no continente tem de ser a adaptação face às catástrofes naturais que existem", disse, sublinhando a importância de redução do risco de desastres naturais.
A abordagem ao problema da redução das águas, nomeadamente no lago Chade, e o projeto da Grande Muralha Verde são outras prioridades da comissária para o novo mandato.
Josefa Sacko disse ainda que, caso seja eleita, irá concentrar o seu mandato nas recomendações da declaração de Malabo, que estipula, até 2025, acabar com a fome e a pobreza em África e triplicar comércio interno do continente, criar resiliência do sistema de produção e das populações às alterações climáticas.
Investir na reforma agrária e no direito à terra, empoderar as mulheres, atrair os jovens para a agricultura e impulsionar o comércio interno de produtos agrícolas são outras prioridades apontadas pela candidata angolana.
"Se for eleita, vou passar mais por ações. No primeiro mandato já traçámos as bases, agora é só mesmo ação, ação, ação", disse.
Josefa Leonel Correia Sacko, a única representante lusófona na lista de 25 candidatos pré-qualificados para a eleição da próxima Comissão da União Africana (UA), vai procurar a reeleição na próxima cimeira da União Africana, em fevereiro.
De acordo com a lista final de candidatos pré-qualificados, a que a agência Lusa teve acesso, a candidata angolana é a mais bem avaliada entre os quatro candidatos a esta pasta, com uma pontuação de 81.65%.
Os adversários da Sacko na corrida são representantes da Gâmbia, Uganda e Marrocos.
A nova comissão, a primeira a ser eleita após o processo de reforma da UA iniciado em 2016 sob supervisão do Presidente ruandês, Paul Kagamé, terá menos comissários e será eleita através de um novo sistema baseado no mérito.
A estrutura de liderança da União Africana será composta por oito membros, incluindo um presidente, um vice-presidente e seis comissários, menos dois lugares do que na anterior comissão.
A organização lançou no verão um apelo aos 55 Estados-membros, em que se incluem os lusófonos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe, para que nomeassem candidatos para ocupar os lugares em disputa.
Os lugares serão repartidos de forma igualitária entre homens e mulheres.
Um painel de peritos reviu uma lista de 89 candidaturas, tendo pré-qualificado 25 candidatos, que terão agora de ser eleitos pelo Conselho Executivo da União Africana, composto pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros da organização.
Para a liderança da comissão, o atual presidente e ex-minitro dos Negócios Estrangeiros do Chade, Moussa Faki Mahamat, recandidata-se sem oposição, mas precisa de conseguir dois terços dos votos dos países para se manter no posto.
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