Organização dedicada ao Direito digital Access Now registou um recorde de 296 'apagões' do género num total de 54 países só em 2024.
O 'apagão' de Internet e de telecomunicações imposto segunda-feira pelos talibãs, no Afeganistão, ilustra o método que vários regimes políticos têm utilizado para controlar focos de contestação ou esconder outros problemas.
A organização dedicada ao Direito digital Access Now registou um recorde de 296 'apagões' do género num total de 54 países só em 2024. A Birmânia (85), a Índia (84) e o Paquistão (21) figuram no topo da lista de ocorrências.
Segundo aqueles dados, 103 'apagões' estavam ligados a conflitos, 74 a movimentos de protesto, 16 entraram em vigor para evitar fraudes em provas de avaliação e outros 12 verificaram-se em períodos eleitorais.
Alguns dos principais eventos semelhantes nos últimos anos:
Bloqueios seletivos
O Nepal bloqueou dezenas de redes sociais no início do mês, algo que desencadeou muitos protestos antigovernamentais, que foram duramente reprimidos, mas os serviços já foram entretanto retomados.
Em maio, fora a Tanzânia a bloquear o acesso ao X, com a justificação de que havia disseminação de pornografia e de conteúdos relacionados com homossexualidade naquela rede social, duas semanas após algumas contas oficiais vinculadas ao governo terem sido pirateadas.
Em novembro de 2019, no Irão, onde a rede local e a rede global estão separadas, as autoridades locais cortaram a ligação ao exterior durante uma semana devido a violentas manifestações contra o aumento do preço dos combustíveis, no meio de nova crise daquela economia.
Mesmo sem 'apagão', o acesso à Internet naquele país é muito restrito, principalmente no que diz respeito a plataformas e redes sociais como WhatsApp e Instagram.
Sudão
Em abril de 2023, após o início do conflito entre o exército do Sudão e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), ambos os lados recorrem à quebra das telecomunicações como ferramenta habitual na gestão da informação, num conflito que já causou a morte a dezenas de milhares de pessoas e deslocou cerca de 13 milhões.
No início de 2024, um 'apagão' à escala nacional afetou cerca de 30 milhões de sudaneses durante mais de um mês, segundo as organizações não-governamentais e de assistência humanitária presentes naquele país. No Darfour (oeste), a Internet continua ainda hoje quase inacessível.
Etiópia
Na região etíope do Tigré (norte), a Internet e os telefones foram 'cortados' enquanto durou uma operação militar naquela zona de dissidência, sem que a origem da quebra dos serviços tivesse sido devidamente explicada.
As ligações foram sendo restabelecidas progressivamente no final de 2022, mas ainda hoje se verificam perturbações dos vários serviços de telecomunicações.
Myanmar
Entre junho de 2019 e fevereiro de 2021, houve um 'apagão' total da Internet nos estados birmaneses de Chin e Rakhine (norte), uma região de graves conflitos étnicos, ainda sob a autoridade do governo civil autoridade da entretanto deposta Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da Paz de 1991.
As ligações ao exterior foram restabelecidas em 03 de fevereiro de 2021, dois dias depois do golpe militar que derrubou a antiga ativista, mas a atual junta militar no poder também tem usado 'armas' informáticas.
Desde fevereiro de 2012, o grupo ativista Myanmar Internet Project (MIP) registou mais de 400 bloqueios regionais de Internet, apelidando-os de "golpes digitais".
Caxemira
A Índia ordenou um 'corte' total da Internet em Caxemira em agosto de 2019 para impedir quaisquer protestos aquando da revogação da autonomia constitucional daquela região disputada pelo Paquistão e pela Índia. As restrições prolongaram-se bastante tempo -- 552 dias, segundo o sítio indiano Internet Shutdowns -- até a tecnologia 4G ter sido reposta em fevereiro de 2021.
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