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Talibãs mantêm-se em silêncio sobre apagão das telecomunicações no Afeganistão

Há mais de 20 horas que os 43 milhões de habitantes do Afeganistão estão privados de telecomunicações.

30 de setembro de 2025 às 11:50

O regime talibã, que controla o Afeganistão, mantém-se em silêncio sobre o apagão das comunicações telefónicas e de internet que se verifica desde segunda-feira.

Há mais de 20 horas que os 43 milhões de habitantes do Afeganistão estão privados de telecomunicações, mas não foi fornecida qualquer informação oficial.

Esta terça-feira, todos os voos do Aeroporto Internacional de Cabul foram cancelados, deixando o Afeganistão isolado por via aérea como consequência direta do apagão da internet e das telecomunicações.

As autoridades aeroportuárias disseram à emissora afegã AMU TV que a suspensão dos voos domésticos e internacionais foi provocada pela interrupção das comunicações, mas que não receberam qualquer aviso prévio por parte do regime.

De acordo com o serviço de rastreamento internacional de voos Flightradar24, as ligações que estavam programadas pelas companhias aéreas afegãs como a Ariana Afghan Airlines e a Kam Air foram canceladas, afetando pelo menos oito operações entre partidas e chegadas.

O Afeganistão está a enfrentar um apagão total da internet e restrições nas comunicações telefónicas, disseram monitores internacionais independentes, acrescentando que o corte está a aumentar o isolamento do país depois de o regime ter ordenado o corte de cabos de fibra ótica em várias zonas do país.

O regime justificou o corte da fibra ótica decretado em meados de setembro alegando que estava a prevenir "atividades imorais", ao limitar diretamente a infraestrutura de rede do país pela primeira vez.

Em diversas ocasiões, as autoridades do regime manifestaram preocupação com a circulação de pornografia através da internet e de outros conteúdos que consideram contrários à interpretação talibã da lei islâmica (Sharia).

O apagão é o efeito mais tangível do corte da fibra ótica.

Organizações de monitorização como a NetBlocks estimam que a conectividade do país está abaixo de 01%.

O principal porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, particularmente ativo nas redes sociais, não publicou uma única mensagem nas últimas 23 horas.

Desde segunda-feira, meios de comunicação afegãos, como a Amu TV, começaram a transmitir comunicações muito limitadas através dos perfis mas redes sociais, relatando que as agências de notícias internacionais perderam o contacto com Cabul.

Várias organizações afegãs no exílio culparam diretamente os talibãs pelo apagão, incluindo o Órgão de Coordenação das Mulheres Ativistas Afegãs, que considerou o corte como ato deliberado que isolou "um país inteiro do mundo e silenciou as vozes civis".

A organização instou a comunidade internacional a pressionar Cabul no sentido da restauração do acesso às comunicações, considerando o apagão não apenas censura, mas "um ataque à vida, à dignidade e à sobrevivência".

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