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Balões meteorológicos provenientes da Bielorrússia obrigam a paragem de dois aeroportos lituanos

Incidente tem lugar um dia depois da violação do espaço aéreo lituano por aviões russos

24 de outubro de 2025 às 23:06

As autoridades lituanas suspenderam esta sexta-feira temporariamente o tráfego aéreo em dois dos principais aeroportos do país, Vilnius e Kaunas, devido à presença de balões meteorológicos provenientes da Bielorrússia.

"Os aeroportos lituanos estão a tomar medidas rápidas para controlar a situação: os voos estão a ser desviados para o Aeroporto de Palanga, sempre que possível, e está a ser organizado transporte de autocarros para os passageiros", afirmou em comunicado o Ministério dos Transportes.

O tráfego aéreo em ambos os aeroportos foi interrompido ao início da noite e permanecerá suspenso até à madrugada.

Um total de quatro voos foram afetados no Aeroporto de Vilnius, enquanto outros três foram cancelados em Kaunas.

O incidente tem lugar um dia depois da violação do espaço aéreo lituano por aviões russos, num incidente que levou à ativação de dois caças espanhóis ao serviço da NATO e levou Vilnius a apresentar à Rússia um "protesto veemente".

"Na noite de 23 de outubro, o encarregado de negócios da Embaixada da Federação Russa na Lituânia foi convocado (...), foi-lhe entregue uma nota de protesto e foi emitido um veemente protesto em relação à violação do espaço aéreo lituano", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Lituânia em comunicado na noite de quinta-feira.

Vilnius exigiu que a Rússia "explique imediatamente" os motivos da violação do espaço aéreo lituano e tome "todas as medidas necessárias para evitar que incidentes semelhantes se repitam", segundo a mesma fonte.

O Ministério da Defesa russo, por sua vez, negou qualquer violação do espaço aéreo lituano.

"Os voos foram realizados em estrita conformidade com as regras de utilização do espaço aéreo sobre o território russo. As aeronaves não se desviaram da sua rota e não violaram as fronteiras de outros Estados", afirmou o ministério russo no Telegram.

As Forças Armadas lituanas detalharam, em comunicado, que duas aeronaves russas entraram no espaço aéreo lituano a partir do enclave de Kaliningrado, localizado no oeste do país báltico, cerca das 18:00 (16:00 em Lisboa).

As aeronaves identificadas foram um caça SU-30 e um avião de reabastecimento IL-78 que possivelmente realizavam manobras no enclave russo de Kaliningrado, situado a oeste da Lituânia, acrescentaram os militares lituanos.

Os dois aparelhos entraram no espaço aéreo lituano cerca de 700 metros durante 18 segundos, referiu o mesmo comunicado.

Em resposta ao incidente, dois caças espanhóis Eurofighter, que integram a missão de policiamento aéreo da NATO, levantaram voo e ficaram a patrulhar o local.

O Presidente lituano, Gitanas Nauseda, condenou uma "flagrante violação do direito internacional e da integridade territorial da Lituânia", e apelou para uma resposta dos parceiros europeus.

"Mais uma vez, [o incidente] confirma a importância de reforçar a preparação da defesa aérea europeia", sustentou Nauseda.

Vizinhos da Rússia ou da sua aliada Bielorrússia, os três Estados bálticos membros da NATO e apoiantes acérrimos da Ucrânia (Lituânia, Letónia e Estónia), denunciaram todos violações recentes do seu território por aeronaves ou 'drones' russos.

Em setembro, três caças russos MiG-31 entraram no espaço aéreo estónio sobre o Golfo da Finlândia, onde permaneceram durante aproximadamente 12 minutos, segundo Tallinn.

Este incidente levou a Estónia a convocar uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU e a ativação do artigo 4.º do Tratado de Fundação da Aliança Atlântica, que prevê consultas entre aliados em caso de ameaça a um dos seus membros.

A incursão na Lituânia surgiu no dia em que a UE anunciou a aprovação do 19.º pacote de sanções contra a Rússia, logo depois dos Estados Unidos terem divulgado restrições dirigidas às duas maiores petrolíferas russas.

As sanções de Washington contra as petrolíferas Rosneft e Lukoil foram justificadas com "a recusa de [o Presidente russo, Vladimir] Putin em parar a guerra insensata", numa referência à invasão da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

Também nesta semana, o Presidente norte-americano, Donald Trump, adiou um encontro que estava previsto para decorrer em Budapeste com o homólogo do Kremlin, para discutir o conflito na Ucrânia.

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