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Brasil reforça fronteira com a Venezuela após ameaças de Maduro à Guiana

Exército brasileiro deslocou para Pacaraima, cidade no estado de Roraima que é a principal ligação entre a Venezuela e o Brasil, pelo menos mais 200 soldados.

02 de dezembro de 2023 às 14:03

O Brasil reforçou nos últimos dias o efetivo militar na extensa fronteira que tem com a Venezuela, no extremo norte do país, após ameaças do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, de invadir e anexar parte do território da Guiana, país vizinho de ambos. Os altos comandos militares brasileiros avaliam ser pouco provável que Maduro, em campanha para as presidenciais venezuelanas, desencadeie de facto uma guerra, mas, pelo sim, pelo não, decidiram tomar algumas precauções.

Ao longo desta semana, o exército brasileiro deslocou para Pacaraima, cidade no estado de Roraima que é a principal ligação entre a Venezuela e o Brasil, pelo menos mais 200 soldados (o número exato não foi avançado), e deixou outros de prevenção para o caso de ser necessário avançarem rapidamente para essa região de fronteira. Também foram enviados para Pacaraima mais tanques e outros veículos de guerra, além de muita munição.

Sob anonimato, oficiais brasileiros de alta patente disseram a jornalistas que o reforço do efetivo e do poder bélico do Brasil nessa fronteira pode ser considerado a "fase zero" de uma ação de dissuasão de um eventual conflito armado. Outras duas cidades que estão a merecer atenção especial dos militares brasileiros são Bonfim e Normandia, estas duas na fronteira com a Guiana, e que ficam dentro da maior reserva indígena do Brasil, a Raposa Serra do Sol.

Nas últimas semanas, em plena campanha eleitoral, Nicolás Maduro voltou a evocar e a dar força a uma disputa entre a Venezuela e a Guiana que remonta a centenas de anos, ao tempo da colonização, a posse do Essequibo, um território que hoje faz parte da Guiana. Maduro diz que a área pertence à Venezuela e que, se for preciso, vai anexá-la pela força das armas.

O Essequibo, uma região com 160 mil quilómetros quadrados e 120 mil habitantes, representa mais de 60% da área total da Guiana e guarda imensas riquezas no seu subsolo, nomeadamente ouro, diamantes, níquel e bauxita, mas o que mais atiça a cobiça de Maduro está no mar territorial, o bloco petrolífero Stabroek, que começou a ser explorado em 2019 e tem reservas ainda não totalmente mensuradas, mas muito grandes.

Para invadir a Guiana por terra em larga escala, Maduro vai ter primeiro de invadir o Brasil, hoje governado pelo amigo de décadas Lula da Silva, a quem deve o recente regresso da Venezuela ao cenário internacional.

Venezuela e Guiana possuem fronteira ter reste, mas do lado guianês o terreno é extremamente acidentado, quase todo coberto por uma floresta extremamente densa e cerrada, o que inviabiliza uma invasão por terra. Caso o ditador da Venezuela decida ir em frente com essa ameaça tresloucada, as tropas venezuelanas teriam primeiro de entrar no Brasil por Pacaraima, e depois avançar pelo território brasileiro até poderem entrar na Guiana pela fronteira com as cidades brasileiras de Bomfim e Normandia.

Esta sexta-feira, a Corte Internacional de Justiça, em Haia, negou à Venezuela qualquer direito sobre o território do Essequibo, e alertou para o elevado risco, para a Venezuela e toda a região, da deflagração de uma guerra. Mas Nicolás Maduro manteve assim mesmo para este domingo, 3 de dezembro, a realização de um plebiscito sobre o assunto, no que analistas internacionais têm avaliado ser somente mais uma forma de retórica eleitoral, mas com o presidente venezuelano nunca se sabe.

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