page view

Cemitérios de São Paulo estão a abrir 13 mil novas covas à espera de vítimas de coronavírus

Brasil prevê um dramático aumento no número de vítimas.

25 de abril de 2020 às 14:49

A cidade de São Paulo, a mais populosa do Brasil, está a abrir à pressa 13 mil novas covas em três grandes cemitérios urbanos, prevendo um dramático aumento no número de vítimas fatais da Covid-19, a doença provocada pelo novo Coronavírus.

O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara paulistano, Bruno Covas, acrescentando que a edilidade, além de estar a tentar aumentar o número de camas nos hospitais que atendem pacientes com Coronavírus, também tem de se preparar para dar um tratamento digno àqueles muitos que, infelizmente, não resistirão à doença.

"O pior ainda está por vir. Vamos fazer tudo o que for possível para que a gente não tenha em São Paulo o que se verifica pelo mundo, do Equador a Nova Iorque. A questão do enterro dos mortos tem sido um desafio."-Declarou Bruno Covas ao apresentar à imprensa o plano de expansão emergencial do serviço funerário municipal, acrescentando:"A nossa preocupação é estarmos preparados para organizar e minimizar a dor das famílias para que possam dar um sepultamento digno aos entes que serão perdidos."

As 13 mil novas sepulturas estão a ser abertas em três grandes cemitérios da cidade, o da Vila Formosa, no extremo leste, o do Araçá, no centro, e o São Luiz, na zona sul. No Cemitério Vila Formosa, o maior da América Latina, 13 rectroescavadoras já estão a abrir oito mil novas covas, numa imagem assustadora que chama tanto a atenção que foi capa dias atrás do jornal norte-americano Washington Post.

Oficialmente, São Paulo tinha até esta sexta-feira pouco mais de 17 mil pessoas infectadas com Coronavírus e aproximadamente 1500 mortos. Mas, como disse o autarca, o pior ainda está por vir e parece que o início da fase mais aguda da pandemia de Coronavírus começou na cidade, onde em apenas dois dias, quinta e sexta, foram registadas oficialmente 376 mortes por Covid-19, além de muitas outras que não foi possível confirmar por falta de testes.

A edilidade também adquiriu 38 mil caixões especiais, com uma espécie de caixa envolvente destinada a vítimas da Covid-19, e contratou 250 coveiros terceirizados para darem conta de todos os sepultamentos. Com isso, a capacidade dos cemitérios paulistanos passa de 240 sepultamentos por dia para 400.

Bruno Covas, que está a fazer um esforço absolutamente heróico para continuar a comandar a maior cidade do Brasil e a enfrentar a pandemia de Coronavírus ao mesmo tempo em que enfrenta ele próprio uma luta pessoal contra um cancro, também anunciou o início de uma campanha na televisão para tentar convencer a população a respeitar as regras de distanciamento social, cada vez mais violadas. A campanha vai usar imagens da tragédia na cidade de Guayaquil, no Equador, nas quais se vêem corpos de vítimas da Covid-19 em calçadas e outros a serem carregados por familiares devido ao colapso dos serviços funerários.

O autarca espera que o dramatismo das fortes imagens choque as pessoas e as faça permanecer em casa, salvando as suas vidas e as de terceiros. Segundo a última medição, referente a quinta-feira e feita através de sinal de telemóvel, apenas 48% dos habitantes de São Paulo estavam a respeitar a quarentena, quando o recomendado por especialistas é de no mínimo 70%, para salvar vidas e evitar o colapso do serviço público de saúde, já à beira da saturação.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8