Para Merz, o mercado único transformou-se num "monstro burocrático" percebido pelas empresas mais como um entrave aos negócios do que como um espaço de oportunidades.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, defendeu esta segunda-feira que a Europa precisa de mais soberania e de menos burocracia e regras bancárias que a travam.
Associar a soberania à Europa "era originalmente uma formulação mais francesa do que alemã", referiu Merz, que assumiu apropriar-se agora dessa ideia "porque é necessária".
Ao discursar num fórum económico em Berlim organizado pelo diário bávaro Suddeutsche Zeitung, na véspera de uma cimeira sobre o digital que decorrerá terça-feira, também na capital alemã, na presença do Presidente francês, Emmanuel Macron, Merz defendeu que a Europa tem de se tornar "mais independente" em várias áreas.
"Temos de nos tornar mais soberanos e independentes em muitos domínios políticos e económicos", afirmou o chanceler, sublinhando que a Alemanha e a Europa já não podem estar assentes na defesa dos Estados Unidos, das matérias-primas fornecidas pela China "ou de que a Rússia seja um dia garante da paz".
As declarações surgiram na véspera da reunião com Macron, destinada a promover a "soberania digital" europeia e a reduzir a dependência face aos gigantes tecnológicos norte-americanos, nomeadamente na área da inteligência artificial e da computação em nuvem.
A crise energética desencadeada pela invasão russa da Ucrânia, a escassez de certas matérias-primas e a posição dominante da China em sectores-chave (baterias, terras raras e semicondutores) evidenciaram a vulnerabilidade da Europa e, em particular, do modelo industrial alemão.
O chanceler alemão denunciou igualmente as pesadas cargas administrativas que travam o mercado único europeu.
Para Merz, o mercado único, lançado há mais de 40 anos, transformou-se num "monstro burocrático" percebido pelas empresas mais como um entrave aos negócios do que como um espaço de oportunidades.
O responsável alemão destacou, a este respeito, ter sido o impulsionador de um Conselho extraordinário de líderes europeus, previsto para 12 de fevereiro de 2026, que será consagrado à competitividade da indústria europeia e à redução do peso burocrático.
Merz considerou ainda "demasiado rigorosa" a regulação bancária na Europa, num discurso proferido à tarde num congresso bancário em Frankfurt.
Para o chefe do executivo alemão, as medidas aprovadas depois da crise financeira de 2008/09 para reforçar a solidez dos balanços bancários "continuam corretas".
"No entanto, o que vemos atualmente nos Estados Unidos e noutras regiões do mundo, incluindo noutras partes da Europa, oferece muito mais possibilidades de financiamento para as empresas do que aqui", sustentou.
Um exemplo de que gosta de se servir é o da empresa alemã BioNTech, cuja ascensão fulgurante se deve ao desenvolvimento da vacina de ARN mensageiro contra a covid-19, e que escolheu o índice Nasdaq, da bolsa de Nova Iorque, para angariar capital.
Merz afirmou não querer "aceitar mais" que estas empresas se voltem para o mercado norte-americano para financiar o crescimento.
Daí o apelo reiterado a um "mercado financeiro europeu sólido e eficaz", com uma praça financeira europeia capaz de rivalizar com as congéneres norte-americanas e asiáticas.
A União dos Capitais, rebatizada União da Poupança e do Investimento, tema recorrente das cimeiras dos 27, prevê harmonizar as regulamentações das diferentes bolsas europeias.
O objetivo é canalizar a poupança europeia para investimentos que reforcem a competitividade das empresas e apoiem as transições digital e ecológica.
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