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Cirurgião acusado de abusar sexualmente de 299 pacientes ao longo de quase 30 anos em França

Durante buscas à casa, polícia encontrou um esconderijo de pornografia infantil, bonecas sexuais e perucas, além de diários detalhando abusos.

17 de fevereiro de 2025 às 19:31

França está em estado de choque com um dos maiores casos de abuso sexual infantil da sua história. O cirurgião Joel Le Scouarnec, de 74 anos, irá a julgamento no próximo dia 24 de fevereiro, acusado de vários crimes de violação e agressão sexual contra 299 pacientes, muitas delas crianças que estavam sob os cuidados do médico em hospitais públicos.

A investigação teve início em 2017, após Le Scouarnec ser preso por violar a vizinha de apenas seis anos. Durante buscas à casa, a polícia encontrou um esconderijo de pornografia infantil, bonecas sexuais e perucas, além de diários detalhando os abusos cometidos ao longo de quase 30 anos. Segundo o The Independent, estes documentos foram fundamentais para identificar centenas de vítimas, incluindo pacientes anestesiados que desconheciam ter sido abusados.

Um passado alarmante ignorado

Apesar de já ter sido condenado em 2005 por posse de pornografia infantil, Le Scouarnec continuou a exercer a profissão sem restrições, operando em hospitais públicos até ser preso em 2017. Documentos judiciais revelam que, em 2006, um psiquiatra do hospital Quimperlé alertou a administração sobre o comportamento suspeito do cirurgião. No entanto, nenhuma medida foi tomada e continuou a trabalhar com crianças.

Muitas vítimas só descobriram o que sofreram anos depois. Mathis Vinet, que foi hospitalizado aos 10 anos, começou a ter recordações do abuso após ser informado pela polícia. A sua vida desmoronou, levando-o ao consumo de álcool e drogas. Em 2021, aos 24 anos, morreu de overdose. A família acredita que o trauma causado pelo cirurgião contribuiu para a morte e exige, agora, justiça.

Cirurgião cumpre pena de 15 anos de prisão

Le Scouarnec já está a cumprir uma pena de 15 anos de prisão por crimes contra quatro vítimas, incluindo duas sobrinhas e uma paciente de quatro anos. Agora, enfrenta novas acusações no tribunal de Vannes. O caso levanta sérias questões sobre falhas no sistema de saúde francês, que permitiram que um criminoso sexual continuasse a exercer a profissão e a ter acesso a crianças vulneráveis durante décadas.

As vítimas e as suas famílias esperam que este julgamento traga respostas e justiça para todos os que sofreram nas mãos do especialista.

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