"Como é que um dos países mais pobres da zona do Euro tem mais do que o dobro da taxa de testes à Covid-19", questiona o The Telegraph.
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O jornal britânico The Telegraph lançou esta terça-feira um notícia sobre o sucesso português e abordou a quantidade de testes realizados em território luso visto este ser um país "pobre" quando comparado com outras nações europeias.
"Portugal não é um país rico. Não possui o avançado sistema farmacêutico e de fabricação da Alemanha, a experiência anterior da Coreia do Sul com a síndrome respiratória do Médio Oriente, não tem o dinheiro da Dinamarca e Suíça ou o sistema de elite de ensino superior do Reino Unido", começa por escrever o jornal lançando uma questão. "Como é que um dos países mais pobres da zona do Euro tem mais do que o dobro da taxa de testes à Covid-19 de quase todas as outras nações do Mundo?"
Num longo artigo, o Telegraph explica o segredo assumindo que visto a proximidade de Portugal à Espanha e Itália, seria de esperar que o desastre fosse maior.
Mas não foi. Portugal conseguiu conter o surto e o Sistema Nacional de Saúde não colapsou como o de outros países. Os hospitais portugueses ficaram mesmo longe da rutura durante a crise da Covid-19. A taxa de ocupação máxima das enfermarias foi de 48,8% e a das Unidades de Cuidados Intensivos de 31,6% para doentes com Covid-19. Estes dados foram revelados num inquérito da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).
O segredo para o sucesso é "complexo", explica o jornal britânico. "Alguns dos especialistas em medicina mais respeitados de Portugal dizem que os imensos esforços do setor privado e universitário e de um governo que lhes permitiu agir contam grande parte da história [de sucesso]", lê-se.
"Além das raízes linguísticas latinas, das cicatrizes da crise da dívida europeia, do apetite por peixe fresco e da abundância de vinho, Portugal partilha muitas semelhanças com a Itália e a Espanha", descreve ainda. Entre outras semelhanças estão a elevada percentagem de pessoas acima dos 65 anos e o grande número de avós que vive com os filhos e netos.
Outro dos fatores determinantes para o controlo da pandemia, segundo o jornal britânico a citar Inês Fronteira - professora de saúde pública no Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade NOVA de Lisboa e ex-assessora do Ministro - foi o comportamento dos portugueses que rapidamente cumpriram com as regras impostas pelos novos tempos após verem exemplos como o de Espanha ou Itália.
Portugal é o sexto país do Mundo a fazer mais testes por cada mil pessoas. Como na maioria dos países, os esforços iniciais para realizar testes começaram lentamente devido às dificuldades de garantir kits num mercado global que lutava por testes.
Foi após a comunidade universitária se unir que os testes começaram a abundar. Segundo o jornal, a professora Maria Manuel Mota, diretora do instituto de medicina molecular da Universidade de Lisboa, começou a conversar com vários médicos que estavam preocupados com a quantidade de testes disponível numa altura que o número de contágios - em março - começava a acelerar. A docente encontrou então uma solução. O instituto onde trabalha faz com frequência testes PCR - uma técnica utilizada na biologia molecular para amplificar uma única cópia - para malária."Em vez de confiar em kits caros que vêm do exterior, poderíamos desenvolver alguma coisa", explica Maria Mota, citada pelo The Telegraph. Uniu-se então à investigadora Vanessa Zuzarte Luís e pouco depois estavam em negociações com uma empresa portuguesa que poderia fabricar os reagentes necessários para os testes. A empresa aceitou e restava apenas o credenciamento do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge para tornar tudo seguro. O processo de credenciamento decorreu sem problemas e os testes começaram a ser realizados em lares no final de março. Cerca de duas semanas depois, os laboratórios universitários e institutos privados de todo o País começaram a usar o protocolo desenvolvido no Instituto de Medicina Molecular para aumentar a quantidade de testes. Com esta união de esforços, Portugal passou de ser um país com pouca capacidade de testagem para estar entre os 10 primeiros do mundo a realizarem mais testes. Este aumento da capacidade de testes garantiu que as autoridades de saúde conseguissem isolar mais rapidamente os testes positivos e assim conter mais rapidamente o vírus. Apesar do controlo da doença, Portugal regista ao dia de hoje [27 de maio] já 1356 mortos e 31.292 casos positivos de coronavírus.
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