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Deputada aliada de Bolsonaro incriminada por mandar forjar mandato de prisão contra juiz do Supremo

Além da parlamentar, a PF incriminou também o hacker Walter Delgatti Neto, autor da violação do site oficial da justiça.

01 de março de 2024 às 10:45

A Polícia Federal brasileira (PF) incriminou a deputada federal Carla Zambelli, do Partido Liberal (PL), aliada radical do ex-presidente Jair Bolsonaro, como mandatária da invasão ao site do CNJ, Conselho Nacional de Justiça, órgão que tutela todas as instâncias judiciais no Brasil, e ordenar a falsificação de um mandado de captura contra o juiz Alexandre de Moraes, que comanda processos contra a própria e contra o antigo presidente no STF, Supremo Tribunal Federal. Além da parlamentar, a PF incriminou também o hacker Walter Delgatti Neto, autor da violação do site oficial da justiça.

Delgatti confessou à Polícia Federal ter invadido o site do CNJ, ter tido acesso a arquivos e documentos sigilosos, parte dos quais terá enviado para Zambelli, tudo isso, acusou-o, por ordem da deputada federal. Na confissão, com riqueza de detalhes, o hacker afirmou ainda que Carla Zambelli pediu-lhe para invadir o sistema eletrónico das urnas eleitorais onde em Outubro desse ano, 2022, os brasileiros depositariam os seus votos para escolher o presidente da República, senadores, deputados federais e regionais e governadores de estado, para desacreditar a justiça eleitoral e dar a Jair Bolsonaro um pretexto para anular essas eleições e se manter no poder indefinidamente.

Ainda segundo o depoimento de Delgatti, recusou, dizendo à parlamentar ser impossível violar as urnas eletrónicas e adulterar resultados. Então, complementou o hacker, Carla Zambelli pediu-lhe para ele invadir o site do CNJ e, frisou o hacker, forjar um mandato de prisão contra o juiz do Supremo que comanda processos contra ela, contra Bolsonaro e vários aliados, o que ele fez como uma espécie de prémio de consolação à parlamentar.

Zambelli nega todas as acusações, repete o mesmo argumento usado por Bolsonaro e aliados de que está a sofrer perseguição política e que tudo se insere numa maquinação da esquerda, com a cumplicidade do judiciário, para impedir que o antigo presidente, já tornado inelegível até 2030,  volte ao cargo. A PF encontrou com Carla Zambelli arquivos do CNJ a que em hipótese alguma poderia ter tido acesso, e áudios entre ela e Delgatti combinando pagamentos, mas a deputada alega que esses pagamentos foram a remuneração a Delgatti por serviços de informática que ele lhe prestou, nomeadamente, reformulando as redes sociais dela.

A deputada, campeã de votos no estado de São Paulo, além deste enfrenta diversos outros processos na justiça. Um deles refere-se a um episódio ocorrido exatamente na véspera das eleições de 2022, quando ela discutiu com um jornalista negro de esquerda num restaurante no elegante bairro dos Jardins, em São Paulo, e depois correu atrás dele pelas ruas de arma em punho tentando atingí-lo, só parando quando um dos seus seguranças atirou e fez parar o jornalista, em seguida dominado no chão e espancado.

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