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Deputado aliado de Bolsonaro acusado de espionagem é alvo de operação da Polícia Federal

Juiz que autorizou as buscas também determinou o afastamento imediato de funções de sete agentes da Polícia Federal suspeitos de participarem na organização clandestina criada por Alexandre Ramagem

25 de janeiro de 2024 às 14:39

A Polícia Federal (PF) brasileira desencadeou esta quinta-feira uma grande operação contra o que chamou de "organização criminosa paralela" que terá sido montada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro dentro da ABIN, Agência Brasileira de Inteligência, pelo então diretor da "secreta", Alexandre Ramagem. Ramagem, atualmente deputado federal, é o principal alvo, e já teve o seu gabinete no Congresso, a residência e outros locais ligados a ele vasculhados por agentes federais, mas não é alvo de mandado de prisão.

Ao todo, a PF está a cumprir 21 mandados de busca e apreensão contra Ramagem e outros suspeitos em Brasília, no Rio de Janeiro, onde ele vive, e nas cidades de Juiz de Fora e de São João Del Rei, no estado de Minas Gerais. Num desdobramento da operação desta quinta-feira, o juiz que autorizou as buscas também determinou o afastamento imediato de funções de sete agentes da própria Polícia Federal suspeitos de participarem nessa organização clandestina criada por Ramagem na ABIN.

De acordo com a investigação, Alexandre Ramagem, que é delegado (inspetor) da Polícia Federal, ao ser nomeado por Jair Bolsonaro em 2020 diretor-geral da "secreta" chamou os sete agentes da PF também alvos da operação de hoje e juntos criaram uma espécie de agência paralela de inteligência dentro da agência oficial. Essa organização paralela tinha como objetivo, de acordo com a investigação, espiar opositores ao governo de Jair Bolsonaro, autoridades e políticos críticos ao então presidente brasileiro e até juizes do Supremo Tribunal Federal, STF, que estavam na linha da frente contra decisões autoritárias do então chefe de Estado.

Ainda segundo o que a PF apurou ao longo da investigação, iniciada no ano passado após Jair Bolsonaro deixar a presidência, o grupo comandado por Ramagem usou ilegalmente um equipamento de espionagem israelita considerado ilegal no Brasil. Com esse equipamento, era possível monitorizar em tempo real a localização de milhares de pessoas e isso terá sido feito contra deputados, senadores, empresários, líderes partidários críticos a Bolsonaro e membros do poder judiciário.

Alexandre Ramagem sempre foi muito próximo à família Bolsonaro, e o então presidente tentou nomeá-lo diretor-geral da Polícia Federal sob o argumento, dito em público pelo próprio presidente, de que precisava ter na chefia daquela corporação alguém da sua confiança pessoal que o avisasse das operações antes delas acontecerem, principalmente se os alvos fossem ele, os filhos ou aliados. Ante a divulgação desse objetivo, que inclusive motivou na altura, 2020, a demissão do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, o Supremo Tribunal Federal proibiu a nomeação de Ramagem para dirigir a PF e Bolsonaro optou então por o nomear para diretor-geral da ABIN.

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