page view

Distrito de Palma em Moçambique está a ser abastecido de bens essenciais por via marítima

40 toneladas de carga chegou à vila sede de distrito no domingo num navio fretado por comerciantes.

10 de março de 2021 às 09:45

O distrito de Palma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, onde se localiza o maior investimento privado de África para extração de gás natural, está a ser abastecido de bens essenciais por via marítima devido à insegurança na região, anunciaram as autoridades.

Um total de 40 toneladas de carga chegou à vila sede de distrito no domingo num navio fretado por comerciantes, sob supervisão do diretor distrital das Atividades Económicas, António Khanlawia, anunciou hoje a Rádio Moçambique (RM).

Outras 160 toneladas são aguardadas esta semana em dois navios, em parceira com uma companhia de transporte que serve o megaprojeto de gás natural liderado pela petrolífera Total e que na última semana já havia abastecido o distrito com outras 180 toneladas de bens.

Com uma população estimada em cerca de 50000 habitantes, Palma está sob pressão ao acolher 23000 deslocados (dados das Nações Unidas) que fogem do conflito entre forças armadas e rebeldes que atormentam a região desde 2017.

A vila de Palma e áreas em redor, nomeadamente a zona de construção da futura cidade do gás e do complexo industrial da península de Afungi, têm sido poupadas, servindo de refúgio, mas os ataques e confrontos cortaram as vias de acesso terrestre.

Relatos de populares indicam que o isolamento de Palma tem promovido a especulação de preços em produtos básicos como arroz, açúcar ou combustíveis.

Citado pela RM, o diretor distrital das Atividades Económicas, António Khanlawia reconhece a subida de preço dos combustíveis, nomeadamente no mercado informal, mas minimiza o impacto nos restantes.

Segundo o mais recente relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), "a insegurança aumentou o custo dos produtos básicos em muitas partes de Cabo Delgado" incluindo aquele distrito.

Toda a região costeira de Cabo Delgado lidera a lista de risco de fome e insegurança alimentar das agências de socorro à população em Moçambique.

A violência armada em Cabo Delgado está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 670 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos em todo o norte do país.

Algumas das incursões de rebeldes foram reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.

A situação de insegurança, com ataques próximos do recinto no final de 2020, levou a Total a diminuir o número de trabalhadores e abrandar os trabalhos no megaprojeto de gás até que seja garantido um perímetro de segurança pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas.

No entanto, mantém-se a previsão de início de exportação de gás natural liquefeito em 2024.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8