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Episódio do '60 Minutos' sobre deportações da administração Trump suspensa pela CBS horas antes de ir para o ar

Jornalista responsável pela reportagem alega motivos "políticos". Direção do canal terá insistido em ter a versão do governo norte-americano na peça.

22 de dezembro de 2025 às 16:28

A estação televisiva CBS suspendeu indefinidamente um episódio do programa informativo '60 Minutos' — uma reportagem sobre a política de deportações da administração Trump e uma aparente "mega prisão" em El Salvador para alegados imigrantes ilegais — apenas um dia antes da data de emissão prevista. O canal comunicou a decisão este domingo, afirmando que a peça irá para o ar "numa data futura", por determinar.

Oficialmente, nenhuma razão foi dada para o adiamento da reportagem (que chegou a ser publicitada, e a ter um excerto publicado online no site do canal). Ao The New York Times, a editora executiva da CBS, Bari Weiss, afirmou apenas querer garantir a qualidade de todas as reportagens da estação. "Reter histórias que não estão prontas por qualquer motivo — seja por falta de contexto suficiente ou por ausência de vozes críticas — acontece todos os dias em todas as redações", afirmou, reiterando que a peça em questão irá para o ar "quando estiver pronta".

De acordo com o mesmo jornal, no entanto, a jornalista responsável pela elaboração da peça do '60 Minutos' acusa a direção editorial de ter motivações "políticas" na base da decisão. "A nossa história foi revista cinco vezes, quer pelos advogados da CBS quer pelo departamento de Normas e Procedimentos", afirmou Sharon Alfonsi numa nota interna obtida pelo jornal norte-americano. "Está factualmente correta. A meu ver, suspendê-la agora, depois de todos os rigorosos processos de revisão interna terem sido cumpridos, não é uma decisão editorial, mas política".

De acordo com a NPR, a decisão de Weiss terá partido de uma vontade em incluir um membro de alta importância da administração Trump, como o conselheiro senior do presidente norte-americano Stephen Miller, na reportagem. "Precisamos de ter os principais atores on record e em frente da câmara", defendeu Weiss numa reunião interna com os jornalistas e staff do canal.

Recorde-se que a estação, parte da Paramount, foi adqurida recentemente no negócio Paramount-Skydance pela família Ellison, de conhecida proximidade com o atual presidente dos EUA. A nomeação de Bari Weiss, em outubro, jornalista conhecida por várias posições conservadoras ao longo dos anos, foi vista por alguns interlocutores como uma movimentação no sentdo aproximar ideologicamente o canal do atual inquilino da Casa Branca.

E, já este ano, o canal tinha estado debaixo de fogo pelo cancelamento do programa 'Late Show' apresentado por Stephen Colbert, comediante que ao longo dos anos foi amplamente crítico de Donald Trump, em mais um episódio que aumentou o tom do debate sobre a liberdade de expressão nos EUA.

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