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Escolas de samba de São Paulo levam para a passarela cultura, Amazónia, luxo e tecnologia

Notas dos jurados são reveladas na terça-feira.

11 de fevereiro de 2024 às 17:00

Na segunda e última noite dos desfiles de Carnaval de São Paulo deste ano, as sete escolas de samba que se apresentaram da noite deste sábado até à manhã deste domingo levaram para o Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista, muita cultura, música e Amazónia, tudo, claro, com muita cor, muito luxo e alta tecnologia, por entre corpos de homens e mulheres reluzentes e, em alguns casos, seminus. A abertura dos envelopes com as notas dos jurados que avaliaram as 14 Escolas de Samba que desfilaram nestes dois dias será feita no final da tarde da próxima terça-feira, quando será conhecida a campeã de 2024.

Campeã em 2023, a Escola de Samba Mocidade Alegre voltou a ser um dos grandes destaques este ano, desenvolvendo na Passarela do Samba um enredo sobre a grande viagem realizada pelo escritor Mário de Andrade por boa parte do Brasil, e levou para a avenida representações da cultura de cada região, das tradições e da música, com os ritmistas a mesclarem o tradicional samba com ritmos regionais, como o frevo e o maracatu, tradicionais no nordeste. Chamou particularmente a atenção a Ala das Baianas, cujo rico figurino evocava esculturas em pedra sabão, numa emocionante homenagem ao grande mestre dessa arte, Aleijadinho.

A Escola de Samba Tom Maior recuou ainda mais nos tempos e levou para a avenida uma luxuosa encenação da lenda grega de Orfeu e Eurídice, mas numa visão indígena brasileira e, já que era uma versão livre e se está no Carnaval, tempo de alegria, o final trágico da lenda foi alterado para um final feliz. Impressionaram, além da riqueza das fantasias, principalmente na Comissão de Frente, que se alternavam entre a noite e o dia, as gigantescas representações robotizadas de jacarés, cobras e um ainda maior escorpião, que se moviam assustadoramente graças à tecnologia.

A Vai-Vai, a escola que tem mais títulos do Carnaval de São Paulo mas que no ano passado esteve na divisão secundária dos desfiles, voltou à elite homenageando a cultura Hip Hop que tem tanta força e tantos adeptos na capital paulista, principalmente nas periferias, e levou para a Passarela do Samba uma verdadeira lenda viva da música alternativa paulistana, o vocalista do grupo Racionais MCs, Mano Brown. Outra escola que recorreu à música para tentar ser campeã foi a Império da Casa Verde, que homenageou a vida e a carreira de Fafá de Belém, que levantou o público nas arquibancadas ao surgir no último carro alegórico com longos cabelos brancos e uma pintura indígena no rosto, e, para contar a trajectória da famosa artista, claro, a agremiação levou para a avenida lindas representações da Amazónia.

Uma das escolas de samba com maior número de famosas, a Gaviões da Fiel, que é da claque do clube de futebol Corinthians, desenvolveu o enredo deste ano evocando outro, o de 1995, que lhe garantiu nesse ano o título de campeã, mas agora modernizado com fantasias futuristas espelhadas numa gigantesca nave espacial e muita tecnologia. A sempre sorridente apresentadora Sabrina Sato brilhou, como sempre, como rainha à frente dos ritmistas, e entre outras famosas foram destaques também Ana Paula Minerato, que se sentiu mal antes do desfile e teve de receber atendimento médico mas voltou e desfilou corajosamente até final, e a atriz Alessandra Negrini.

As duas outras coletividades que se apresentaram na madrugada deste domingo foram a Águia de Ouro e a Académicos do Tucuruvi. A Águia enalteceu a importância da rádio no Brasil evocando no Anhembi os 100 anos da Rádio Nacional, que foi trampolim para a fama de tantos artistas ao longo desse tempo, e levou para a avenida uma outra lenda viva, o radialista Eli Correia, e a Académicos do Tucuruvi encerrou os desfiles a falar sobre a influência no Brasil das tradições e do misticismo africano, representados, entre outros, pela filosofia Ifá e pelo jogo de búzios.

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