Pelo menos dois ataques foram reivindicados pelo Estado Islâmico.
Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram nas últimas horas a autoria de pelo menos dois ataques na província moçambicana de Nampula, provocando a morte de cinco cristãos e vária destruição.
A reivindicação, feita através dos canais de propaganda do grupo, refere que num dos ataques a uma aldeia "capturaram e mataram quatro cristãos a tiro" e que queimaram uma igreja, e noutro local assumiram que mataram um cristão e queimaram duas casas.
Em causa está a crescente atividade insurgente, desde finais de setembro - cerca de 370 casas queimadas em diferentes aldeias em ataques anteriores -, no distrito de Memba, norte da província de Nampula, na fronteira com Cabo Delgado, província rica em gás e onde estes grupos armados realizam ataques há oito anos.
Presente em Nampula, o ministro do Interior, Paulo Chachine, citado numa nota daquele ministério, apelou no domingo à "coesão e determinação" da Polícia da República de Moçambique (PRM) para fazer frente "às investidas terroristas que recentemente voltaram a manifestar-se particularmente no distrito de Memba", e anteriormente em Eráti, explicando que a localização da província "a torna vulnerável ao terrorismo que assola alguns distritos da província de Cabo Delgado".
"Para nós ultrapassarmos isto precisamos de estar juntos, coesos e determinados (...). Se não estivermos organizados vamos permitir que esta infiltração continue, vamos permitir que a nossa província seja também palco de terrorismo", disse Chacine, citado na nota, sobre a sobre a mensagem que deixou ao efetivo da PRM de Nampula.
Um levantamento da organização ACLED, noticiado em 14 de novembro pela Lusa, estima que a província de Cabo Delgado registou 11 eventos violentos entre 27 de outubro e 09 de novembro, essencialmente envolvendo extremistas ligados ao Estado Islâmico, provocando 10 mortos entre civis.
De acordo com o mais recente relatório da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês), dos 2.251 eventos violentos registados desde outubro de 2017, quando começou a insurgência armada em Cabo Delgado, um total de 2.077 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).
Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.316 mortos, refere no novo balanço, incluindo as dez vítimas reportadas nestas duas semanas, entre outubro e novembro.
A primeira-ministra moçambicana, Benvinda Levi, reconheceu na quinta-feira a "persistência de ações terroristas" como um dos principais desafios do país, mas apontou uma estabilização no terreno, que tem permitido o regresso gradual das populações às zonas de origem.
"Um dos principais desafios que o nosso país regista de momento é a persistência de ações terroristas em alguns distritos de Cabo Delgado, onde estes têm estado a recorrer, entre outros 'modos operandi', a ataques esporádicos e dispersão em pequenos grupos", reconheceu, ao intervir no parlamento para prestar informações aos deputados.
"Além de praticarem atos hediondos, os terroristas, ultimamente, têm também recorrido à prática de raptos e sequestros sistemáticos ao longo das vias públicas, nas áreas de exploração mineira e onde ocorrem outro tipo de atividades económicas para posterior pedido de valores monetários em troca da libertação das vítimas feitas reféns", reconheceu.
Para fazer face à situação, disse, o Estado "tem vindo a implementar um conjunto de medidas de caráter securitário e socioeconómico que estão a resultar", nomeadamente, "na estabilização das áreas anteriormente consideradas críticas, incluindo o estabelecimento de cinturões que garantam segurança às populações, às zonas de produção e às infraestruturas económicas e sociais públicas e privadas".
Presidente moçambicano avisa que terrorismo ainda não acabou
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, afirmou esta segunda-feira que o terrorismo ainda não acabou no país, mas sublinhou que os esforços das Forças de Defesa e Segurança (FDS), por vezes com poucos meios, têm permitido uma "relativa estabilidade".
"Para que não haja mal-entendidos, queremos clarificar que não estamos a afirmar que já não há terrorismo em Cabo Delgado. Não. Simplesmente estamos a dizer que as nossas Forças Armadas, as FDS no seu todo, estão no terreno a defender o seu povo destes ataques esporádicos que ainda acontecem na província de Cabo Delgado e que provocam a deslocação das nossas populações", disse o chefe de Estado.
A posição foi transmitida por Daniel Chapo no encerramento dos cursos do ano letivo 2025 do ISEDEF -- Instituto Superior de Estudos de Defesa Tenente-General Armando Emílio Guebuza, em Maputo, tendo sublinhando que a atual "relativa estabilidade", que "faz com que as vilas estejam livres, mas continuem a haver ataques em aldeias à volta dessas vias", resulta da "coragem e bravura dos heróis jovens das FDS".
As FDS "combatem de forma tenaz e vitoriosa contra os inimigos do povo moçambicano, algumas vezes sem muitos meios e recursos", reconheceu Daniel Chapo, assumindo igualmente que Cabo Delgado "ainda se debate com alguns focos de terrorismo".
"Isto preocupa-nos bastante. Apesar desses focos em alguns distritos, principalmente na zona norte da província de Cabo Delgado, nos últimos tempos temos recebido relatórios de ataques esporádicos e deslocação das nossas populações", disse o Presidente moçambicano, na cerimónia.
Acrescentou que "esta relativa melhoria do ambiente", comparando com quando várias vilas da província "estavam completamente ocupadas e neste momento não estão", contribuiu para a TotalEnergies levantar a cláusula de 'força maior', "abrindo o caminho para a retoma do projeto de gás natural".
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