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Falsificavam metralhadoras "Made In Israel" na periferia de São Paulo

Suspeitos registavam nas armas números de série muito parecidos aos que os fabricantes oficiais usam.

18 de outubro de 2017 às 14:36

A polícia de São Paulo, Brasil, descobriu e desmantelou numa casa simples de uma cidade vizinha, Ferraz de Vasconcelos, uma fábrica clandestina de armas de guerra, que produzia metralhadoras capazes até de derrubar aeronaves.

Ao invadirem o imóvel, uma casa aparentemente inocente numa rua residencial daquela cidade pobre da periferia do extremo leste da capital paulista, os agentes descobriram equipamentos modernos para a fabricação de armas, várias metralhadoras já prontas para entrega e munições, incluindo .50, que furam blindagens de carros-forte e alcançam até aeronaves.

Apesar de a fábrica ser caseira, a sofisticação da falsificação era muito grande, fazendo as metralhadoras parecerem autênticas. Os criminosos, um dos quais foi preso em flagrante quando a polícia invadiu a casa, registavam nas armas números de série muito parecidos aos que os fabricantes oficiais usam, e gravavam nas coronhas de madeira até a inscrição "Made in Israel", simulando a origem do armamento.

No momento da invasão, cinco metralhadoras já estavam montadas e prontas para serem entregues aos compradores, que pagariam por cada uma delas, dependendo do modelo e do poder de fogo, a partir de quatro mil euros, muito abaixo do valor de uma arma semelhante original. No telemóvel e no computador portátil do homem preso no local foram encontrados dados sobre clientes que já receberam as suas armas e outros que ainda esperavam a entrega dos seus pedidos.

Os criminosos tinham feito falsas paredes de gesso na cozinha da casa, escondendo peças e munições no espaço entre essas paredes artificiais e as verdadeiras. No portátil também foram encontrados projectos detalhados para a fabricação tanto de metralhadoras quanto de outros tipos de armas de grosso calibre.

A polícia chegou até à fábrica clandestina em Ferraz de Vasconcelos após meses de investigação que se seguiram à apreensão de armas de guerra num bairro da zona leste de São Paulo próximo àquela cidade vizinha, Guaianazes. Agora, as informações localizadas no telemóvel e no portátil vão ser analisadas, para se tentar chegar aos criminosos que adquiriram as armas já entregues e aos que tinham feito pedidos.

A utilização por quadrilhas organizadas de armas de grosso calibre, de uso exclusivo das Forças Armadas e de grupos de elite da polícia, é cada vez mais frequente em São Paulo, mas as autoridades imaginavam que essas armas eram originais e importadas ilegalmente. Com a descoberta das armas falsas meses atrás em Guaianazes e da fábrica em Ferraz de Vasconcelos, a polícia paulista descobriu que, afinal, ao contrário do que se pensava, algumas armas utilizadas pelo crime organizado podem estar a ser fabricadas em território brasileiro, o que muda ou, ao menos, amplia, o foco do combate a esse tipo de crime.

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