page view

Faz filha de sete anos acreditar que sofre de cancro terminal

Teresa simulou doença durante anos para burlar a comunidade com angariações de fundos.

21 de janeiro de 2018 às 12:32

Hannah Millbrandt, uma jovem de 21 anos, partilhou a sua história de vida através de uma carta enviada ao jornal The Sun. Com apenas sete anos, a norte-americana descobriu que tinha um cancro na coluna vertebral, em estado avançado e possivelmente terminal. Anos mais tarde, Hannah veio a saber que a sua doença era uma mentira e que se tratava tudo de uma invenção da própria mãe, Teresa.

"Tudo começou quando a minha mãe me levou ao médico por causa de tosse e de uma febre baixa. Na altura sentia-me bem, tudo indicava que fosse apenas uma gripe, mas fui obrigada a fazer uma série de exames. Nesse dia, a minha mãe anunciou à família que o médico que me avaliou tinha encontrado um tumor, num estado já muito grave, e que eu poderia morrer em breve", recorda a jovem.

A partir desse dia, tudo mudou na vida de Hannah. Teresa obrigava a filha a usar máscara na rua, dizendo que era uma forma de se proteger dos germes externos. Não podia andar de bicicleta nem brincar com os meninos da sua idade. "Odiava a forma como as pessoas olhavam para mim, com pena. Sentia-me um ser diferente", acrescenta.

Residente no estado do Ohio, a família começou a receber ajudas da igreja local. A comunidade organizou angariações de fundos para pagar o tratamento caro que a mãe alegava ter de fazer para salvar a menina. "Ela dizia-me que eu era o bebé dos milhões, mas eu nunca percebi porquê", recorda.

A menina começou a tomar medicação, administrada pela própria mãe - que era enfermeira - que lhe causava mau estar, entre tonturas, dor de cabeça e exaustão. O medo de morrer e de se separar dos pais começou a atormentar Hannah, que tentava todas as noites dormir com os progenitores, algo que a mãe recusava sempre.

"Era estranho porque nos momentos em que eu mais precisava da minha mãe ela era fria e distante. Já o meu pai sabia sempre como me animar, dava-me carinho e tentava trocar folgas para ir às consultas comigo. No entanto, estas eram sempre canceladas à última hora e eu acabava por ir sempre com a minha mãe e com a minha avó", recorda a jovem.

Um dia, a menina acordou e nem queria acreditar no que viu quando se olhou ao espelho. Os seus longos cabelos loiros tinham desaparecido. Teresa tinha aproveitado o sono da filha para lhe rapar a cabeça. "Nunca me senti tão envergonhada como nesse dia quando cheguei à escola", acrescenta.

Depois de um artigo num jornal local, as doações de terceiros começaram a aumentar. A menina foi informada de que tinha apenas algumas semanas de vida e começou a frequentar um psicólogo para a ajudar a lidar com a ideia de que iria morrer em breve.

No entanto, a história era toda uma invenção e Hannah nunca teve cancro e muito menos foi diagnosticada com apenas algumas semanas de vida. Um dia, a professora da jovem começou a perceber que o seu cabelo crescia normalmente e sem falhas e por isso denunciou a família aos serviços de Segurança Social. A polícia investigou o caso e deteve os pais de Hannah e a sua avó.

Quando confrontada com a mentira, Teresa admitiu ter simulado o cancro da filha e burlado a comunidade em quantidades absurdas de dinheiro. Alguns meses depois, a mãe foi condenada a seis anos e meio numa prisão psiquiátrica. O pai também foi condenado a uma pena mais leve por, alegadamente, existirem provas que o ligavam à farsa.

"Quando descobri que não ia morrer e senti um enorme alívio, fui confrontada com outra situação terrível. Com os dois pais presos, fui colocada numa instituição para adoção. Um ano mais tarde a minha tia conseguiu a minha custódia. Vivi com ela até aos 15, altura em que o meu pai foi libertado. Sempre acreditei na inocência dele e creio que ele cumpriu uma pena por algo que não fez", recorda.

Atualmente com 21 anos, a jovem sonha ser assistente social e ajudar as crianças que sofrem de abusos. Teresa já foi libertada, no entanto, Hannah não quer nem ouvir falar da mãe. "Ela roubou a minha infância e eu tenho medo de a ter perto de mim. Um dia, espero poder ter os meus próprios filhos, e ser para eles aquilo que a minha mãe nunca foi para mim", termina.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8