Joan Busquets passou mais de 20 anos na cadeia, acredita que as punições que sofreu causaram vários problemas de saúde.
Foi torturado, sujeito a trabalhos forçados e passou 20 anos na cadeia durante a ditadura de Franco, em Espanha. Hoje, aos 96 anos, quer uma indemnização de um milhão de euros da parte do Governo.
Dizem que Joan Busquets é o último guerrilheiro antifranquista vivo. Em resposta à lei da Memória Democrática de Espanha, aprovada em 2022 que oferece “reparações morais” às vítimas do regime, o catalão quer processar o executivo espanhol.
“Não se trata de dinheiro. É uma questão de justiça. Este país não 'reparou' as vítimas. Há alguns anos, escrevi sobre o meu caso ao então presidente da Catalunha, José Montilla. Ele não me respondeu. Escrevi ao antigo presidente espanhol Felipe González e ele também não respondeu. Isto deu-me força para continuar a lutar”, disse Joan Busquets ao jornal The Guardian.
Quando tinha 20 anos, em 1947, Joan juntou-se a um grupo de combatentes, na Catalunha, dedicado a minar o regime de Franco. Este grupo era liderado por Marcel-lí Massana e contrabandeava armas e explosivos.
Joan conta que os combatentes faziam as rotas de contrabando a pé através da cordilheira dos Pirenéus. Numa destas viagens, com mochila de 40 quilos às costas, o homem enganou-se e comprou duas botas para o mesmo pé e, por isso, acabou por fazer o percurso descalço. "Os meus pés estavam uma desgraça”, recordou em entrevista ao jornal El País.
Depois de um ano passado na cordilheira, Joan foi preso e levado para o centro de tortura de Via Laietana, em Barcelona. Aqui, ele e os camaradas foram sujeitos a três semanas de privação do sono e condenados à morte. Por alguma razão (que não conseguiu compreender), a sentença de Joan foi revista e alterada para pena de prisão.
Em 1956, Joan partiu uma perna numa fuga falhada da prisão de Valência. Segundo o The Guardian, quando dois agentes da Guardia Civil o encontraram, pensaram que estava morto e um deles deu-lhe um pontapé na cara.
Ao regressar à prisão, viu-lhe a ser negada assistência médica. Foi deixado num chão de cimento durante sete dias antes de ser finalmente levado para o hospital. Acredita que essa negligência possa ter causado uma série problemas de saúde que foi tendo ao longo da vida.
“Dizemos que se a sentença de morte, mais tarde alterada para 20 anos de prisão, os cinco anos de trabalhos forçados, a perseguição e a tortura, seguidos de anos de exílio, se tudo isto foi perpetrado por um Estado, entretanto declarado ilegal e ilegítimo, então, de acordo com a resolução da ONU sobre reparações, o Estado espanhol é responsável”, disse Raúl Maíllo, o advogado que representa Busquets.
Após a morte de Franco, em 1975, foi concedida amnistia a todos os que tinham cometido crimes de resistência. As leis subsequentes que absolveram as vítimas do regime não passaram de reparações simbólicas.
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