Investigação indica que após uma injeção intramuscular anual do medicamento as concentrações permanecem no organismo pelo menos 56 semanas.
Uma injeção anual de um medicamento chamado lenacapavir tem resultados promissores como meio preventivo de longa duração contra o VIH, de acordo com os dados de um ensaio clínico publicado esta quarta-feira na revista The Lancet.
Tratando-se de um ensaio em fase inicial, mediu a segurança e a resposta fisiológica do organismo, e não a eficácia na prevenção da infeção pelo VIH, pelo que são necessários estudos, incluindo com participantes de populações mais diversificadas.
Em todo o caso, a investigação indica que, após uma injeção intramuscular anual do medicamento, as concentrações do medicamento permanecem no organismo durante pelo menos 56 semanas.
O estudo, apresentado simultaneamente na Conferência anual sobre Retrovírus e Infeções Oportunistas, é o primeiro a avaliar uma injeção anual de um medicamento de profilaxia pré-exposição ao VIH (PrEP).
A PrEP é um regime de medicação utilizado para prevenir a infeção pelo VIH em pessoas em risco de exposição ao vírus, impedindo-o de entrar e de se reproduzir nas células humanas, mas não é o mesmo que uma vacina, que não existe atualmente.
A PrEP está aprovada como um comprimido diário ou uma injeção bimensal e, se tomada corretamente, é mais de 90% eficaz na prevenção do VIH.
Até 2023, 21,2 milhões de pessoas em todo o mundo poderiam ter beneficiado deste tratamento, mas apenas 3,5 milhões o receberam, recorda o The Lancet.
No novo estudo, 40 participantes seronegativos, com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos, foram injetados com uma de duas formulações de lenacapavir administradas numa dose única.
Foram depois recolhidas amostras durante 56 semanas para avaliar a segurança e a farmacocinética (a forma como um medicamento se move através do corpo) da injeção.
O medicamento foi geralmente bem tolerado e não foram identificados problemas de segurança clinicamente significativos.
Após 56 semanas, as concentrações plasmáticas médias de lenacapavir intramuscular excederam as associadas à eficácia nos estudos de Fase 3 de uma injeção subcutânea duas vezes por ano para PrEP.
Os autores defendem que a expansão das opções de PrEP, como uma possível injeção uma vez por ano, pode ajudar a ultrapassar as atuais barreiras ao acesso e à adesão e impulsionar o progresso no sentido da redução de novas infeções por VIH.
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